segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

VOLTEI


VOLTEI?    OPERAÇÃO DOS QUADRIS - Troca da cabeça do Fêmur

Informo aos meus amigos leitores que estou retornando de uma  complicada cirurgia a que fui submetido no quadril.  Tudo correu bem, mas tenho que permanecer de molho por  mais 30 dias.
Agradeço aos inúmeros telefonemas recebidos, o que certamente é muito importante para minha recuperação. Também, para isso, muito colabora a excelente enfermeira que me acompanhou e me acompanha - minha esposa Daisy -  De coração, a todos,  OBRIGADO.

Como estou sob vigilância constante para não abusar durante minha convalescência, só poderei fazer postagens  mais longas sobre nosso esporte quando estiver liberado para ficar mais tempo sentado no computador.  Entretanto rapidamente vou contar por que fui procurar auxílio médico para as dores que vinha sofrendo no quadril.

Recebi um dia a cópia de um belo filme realizado no Ginásio do Ibirapuera feito pelo amigo Álvaro Sala,  quando na época pedi ao Cezar  Cipolla para pilotar  meu Demoiselle, uma vez que construir ainda sei, mas voar...!  O voo foi  lindo e apareço emocionado pela delicadeza do modelo, cópia fiel do original de Santos Dumont.
O filme termina com minha ida ao encontro do modelo já aterrissado e desligado. Tudo muito bacana.
Entretanto, quando assisti  a cópia  notei aquele senhor de cabelos brancos arrastando os pés como um velho.  Era eu!  
"Puxa", pensei, "mas somente tenho 82 anos. A culpada só pode ser a dor no quadril"
Procurei no dia seguinte meu sobrinho ortopedista e após um raio X, a sentença:
 "TIO,  VOCÊ  TEM QUE OPERAR O QUADRIL".  Lá fui eu. Fim da  história.

Viram? Encontramos mais uma utilidade no aeromodelismo.

 Até mais, se Deus quiser.

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Para descontrair: ver no You Tube, DEMOISELLE - IBIRAPUERA - WALTER










sexta-feira, 23 de novembro de 2012

MODELÓDROMO - PARTE FINAL

 
 
 
 

Modelodromo - Parte final

                                                         Placa da Prefeitura no local


Como esclareci em artigo anterior, quando  ocorrem problemas com o Modelodromo, sendo
veterano e criador do local, sou solicitado a ajudar e resolver situações complexas com  autoridades,
como por exemplo:

Em 1992  Luiza Erundina era Prefeita da cidade. Simplesmente, um dia  ela deu ordens para que o Modelodromo fosse fechado.  Me telefonaram pedindo ajuda urgente. Perguntei qual a razão da ordem. Informaram  que  em visita ao local ela considerou aquele espaço, que é tão nobre na cidade, pouco usado pelos modelistas.
 
Imediatamente telefonei para  o  amigo Maj. Brigadeiro Sócrates Monteiro, na ocasião Comandante do 4º Comando Aéreo, pedindo socorro. Um encontro agendado pelo seu suboficial e já no dia seguinte estávamos defronte à Prefeita. Esclareci da enorme dificuldade enfrentada junto à Prefeitura para conseguir a  construção daquele Centro de Modelismo e do grande interesse da Aeronáutica  para incrementar  nos jovens a vocação  para as carreiras militares. Argumentei que a ausência de praticantes nos dias de semana  era devida ao fato de ser a maioria deles estudantes ou  trabalhadores, o que ocorria normalmente em todos os esportes amadores.
A Prefeita solicitou mais alguns esclarecimentos sobre o funcionamento das atividades no local.
Em seguida, chamou seu Secretário de  Esportes Sr. Juarez Soares e ditou:

Decreto nº  31.343, de 20 de Março de 1992 - revigora o Decreto  nº 17.149, de  26  Janeiro de 1981, que permitiu  o uso de área Municipal à Federação Paulista de Aeromodelismo, e revoga o Decreto nº 22.243, de 23 de Maio de 1986. LUIZA ERUNDINA DE SOUZA, PREFEITA.

Assunto solucionado.

No ano de 1996 os jornais da cidade estamparam a notícia:  PISTA DE RALLY  ESBURACA  ÁREA MUNICIPAL - (Modelodromo). No dia seguinte, a subprefeitura de Vila Mariana fecha o local e manda o aloprado responsável pelo esburacamento tapar o buraco,  refazer  o jardim   desaparecer com o trator que acabara com o gramado. E, lógico, abriu inquérito. Prato cheio para imprensa, e para a oposição da Prefeitura na Câmara Municipal.
 
O aloprado, um nautimmodelista que se intitulava presidente da Federação (desde que ela se achava sem presidência constituída na ocasião), resolvera fazer uma pista de Rally para Jipes ladeando o tanque de nautimodelismo. No escândalo da situação, ele sumiu. O vereador Aurélio Miguel, presidindo a comissão de inquérito formada a respeito, convocou a mim para dar esclarecimentos. Lá fui eu sabatinado por mais de três horas por vários vereadores. Deixei documentos e fotos contando a história do Modelodromo, as quais foram juntadas ao inquérito.
 
O local foi reaberto com inúmeras  restrições.

Ano de 2007 
Os jornais publicaram reclamações de moradores vizinhos com fotos do Modelodromo. No local circulavam marginais, viciados, famílias de desabrigados que utilizavam o tanque de nautimodelismo para lavar roupa e tomar banho. Os nautimmodelistas não podiam mais pôr seus barcos na água. Suas belas reproduções sofriam ameaças de quebra.  Foram constantes as noticias  nos jornais.
 Uma lástima. Escrevi uma missiva para o então Prefeito José Serra.
Fui encaminhado ao  Secretário de Esportes Dep. Walter Feldmann que me atendeu prontamente e prometeu resolver o problema. Realmente, mandou imediatamente reformar todo o conjunto do Centro com pinturas novas, limpeza dos jardins e a construção de duas salas novas onde instalou escolas de modelismo, uma ideia sua. Até um serviço de segurança foi providenciado. Melhor seria impossível. Um  politico de palavra. Coisa rara.

O Modelodromo reformado continua em ordem, hoje é um CDM, clube desportivo da Prefeitura, mas sofre os mesmos problemas de sempre.  Um deles é a falta de entrosamento entre as modalidades que lá atuam onde cada um decide o que é melhor para si.  Continua um espaço precioso da cidade, ocupado por poucos e decorridos tantos anos, os cidadãos que vivem em São Paulo não conhecem o local.
Público nas belas arquibandas  construídas em concreto é quase  sempre ZERO. E não tem o que apreciar.

Acredito que o  pior dos problemas, porém, é falta de direção. Quando foi inaugurado o Centro, a Prefeitura permitiu que ficasse sob a direção da Federação Paulista de Modelismo.   Naldoni, o fundador da Federação, por razões de trabalho afastou-se do modelismo. Eu segui para a presidência da ABA dedicando-me ao aeromodelismo e passei a frequentar menos o Modelodromo.
 
Nos  anos que se seguiram, a presidência da Federação passou por vários modelistas.
Não sei  qual a razão, nem quando, um  presidente da FPM resolveu alterar os estatutos da mesma que passou a ser Federação Paulista de Aeromodelismo.  Um desastre total. Daí para frente o que aconteceu? Virou bagunça, brigas entre os praticantes. Sem regras definidas e sem comando. O dirigente da FPA passou a só se interessar por aeromodelismo. E o restante?
 
Quando foi criada a FPM conseguimos juntar forças com as cinco modalidades diferentes. A Federação teria um Presidente e as  modalidades Aero, Auto, Férreo, Nauti e Plasti teriam seus associados utilizando cada espaço especial e um representante junto ao Conselho da Federação.
Significava juntar forças de todos para a organização e o aumento de frequência  cada vez  maior numa cidade com mais de 12 milhões de almas.

Recentemente visitei o Modelodromo num final de semana prolongado, levando minha bisneta para brincar com uns aviões de papel que fiz para ela. O que vi foi um desalento.

Vamos lá.

10 horas da manhã:

CACHORRÓDROMO - Fica onde originalmente foi traçada  uma pista para o funcionamento de automodelo ou ferreomodelo escala grande. Funcionando bem, com  um guarda  no portão, é organizado pelos moradores vizinhos para uso de seus lindos cães  E bem limpo. Certa vez foi até alugado  para festas e competições de Pit-Bulls.

NAUTIMODELISMO - Alguns barcos e veleiros, rádio controlados,  faziam manobras. Nenhuma explicação para os poucos que  os apreciavam.  Bem,  pelo menos estavam lá utilizando o tanque.

AEROMODELISMO  - Dois praticantes, um em cada pista, treinando sozinhos para suas  eventuais
competições.  Pistas exclusivas só para eles. Sem treino para iniciantes. Quase deserto num final de semana.

AUTOMODELISMO -  Administrado por profissional que cobra o uso das pistas que é propriedade da  Federação. Estava totalmente vazio.

PLASTIMODELISMO - Tudo fechado.

FERREOMODELISMO -

Com dois (acho)  dirigentes e todas  AS MAQUETES desmanchadas,  de todas as bitolas. Antes haviam várias bem montadas, com bitolas diferentes para eventual uso e apreciação do público.
Estão construindo novas e se houvesse algum visitante, não teria o que ver. Faltou previsão administrativa para exibição. Afinal é um espaço público, é da Prefeitura, não um clube fechado para poucos. 
No andar superior do prédio existe uma sala onde funcionava a diretoria da Federação e o  local de reuniões. 
Não sei como, conseguiram reformar e transformar num espaço particular de ferreomodelismo para instalação  de maquetes pequenas, com dois banheiros para uso exclusivo da modalidade.
Aliás, não há mais nenhuma sala da Diretoria da Federação. Mesmo porque fecharam a Federação. O nome de Federação que está sendo usado junto à Prefeitura, é o nome de um clube particular.
Quando necessitam discutir algo de interesse geral, encontram-se no barzinho do subsolo. E mais: material de escritório,  de competições,  fichários, mesas, cadeiras, máquinas de escrever, troféus ?  Sumiram.
 
Já imaginaram se ao invés de ser eu a visitar o local fosse um dirigente da Prefeitura? Já estaria fechado.

PRAÇA EISENHOWER

Lembram-se? quando foi inaugurada, a praça onde fica o Modelodromo recebeu o nome do Presidente Americano.  No local próximo ao tanque de água, foi construído um pedestal de concreto com a placa alusiva ao evento.
Pois bem, o pedestal lá está mas a placa foi roubada. Que bela homenagem nós paulistanos prestamos!

Recentemente, apenas como um veterano aeromodelista que sou, aproveitei  o encontro que tive com o atual Secretário de Esportes do Município no clube PANATHLON, do qual sou associado, e entreguei a ele um histórico do Modelodromo, incluindo sugestões para a administração do local,  caso venha a saber dos  problemas, e mal informado mande instalar ali um Parquinho de Diversões.
Nunca soube se ele sequer leu alguma coisa.

 Agora vamos ter a partir de Janeiro de 2013, novo Prefeito e novo Secretário de Esportes.
Se a comunidade de modelistas não estiver atenta à boa organização e utilização do MODELÓDROMO, o jeito é rezar para Todos os Santos. A não ser que todos prefiram  ter um Parquinho naquele espaço.

Acreditem, meu objetivo não é lavar roupa suja. É apenas um desabafo de alguém que luta  pelo modelismo nacional.

Caros leitores, informo que serei operado na próxima semana. Com  a idade avançando, ando  mal das pernas e o médico, meu sobrinho ortopedista,  quer trocar algo nos meus quadris. Vocês sabem, carro velho de vez em quando tem que trocar os amortecedores. Assim, como vou rezar pelo Modelodromo, aproveito para rezar também para que tudo corra bem  na cirurgia e eu possa  (se me aturarem)  em breve voltar a escrever estas bobagens no Blog.

 TCHAU










segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MODELÓDROMO - CENTRO DE MODELISMO DO IBIRAPUERA

MODELODROMO

2º CAPITULO

Meus amigos, vou continuar  a história do Modelodromo. Se considerarem que o assunto é muito  chato, por gentileza me avisem. Prometo, eu paro.
Acredito que o mais importante já foi mencionado. Vou procurar ser o mais sucinto possível.
 
Após a devida licitação, foi finalmente iniciada a  construção. Acompanhamos as obras  de perto.
Foram várias visitas à Prefeitura, inclusive de minha esposa, Daisy, que não deu folga ao sr. Diderot, responsável pelo Departamento  Parques e Jardins. Tudo caminhou muito bem e sempre de acordo com o projeto original. Confesso que nunca imaginei que seríamos atendidos tão bem e a espera pela conclusão das obras foi de grande preocupação e ansiedade. A inauguração foi marcada para Abril de 1968.

FINALMENTE o grande dia chegou com direito a Banda Militar da Aeronáutica, um público enorme e a presença  de  muitos aficionados representando os vários tipos de modelismo.
 Como autoridade principal lá estava aquele que havia se tornado um  amigo, o Prefeito Brig. Faria Lima, acompanhado de sua esposa Iolanda, do Almirante Hélio Leite comandante do 6º Distrito Naval, William Leeds, Consul Adjunto dos EUA , e todo o secretariado da Prefeitura.

Fotos extraídas da Sport Modelismo - Brig.. Faria Lima

A Praça onde se localiza o  Modelodromo fica a 50 metros do obelisco no Ibirapuera. Naquele dia de Abril  ela foi  batizada de Praça  Eisenhower, em homenagem ao grande presidente americano falecido naquela ocasião. Descerrada a placa comemorativa em um pedestal de concreto, os discursos habituais foram iniciados com a palavra do presidente da Federação Paulista de Modelismo, Antônio Emilio Carlos Naldoni, agradecendo em nome dos modelistas ao Sr. Prefeito a quem  entregou, como lembrança do evento,  uma pequena locomotiva dourada e um modelo réplica do avião PA-20, igualzinho ao que fora pilotado pelo Brigadeiro na FAB.
 
Em seguida, o Consul americano agradeceu o convite que  lembrou o homenageado Presidente Eisenhower, elogiou a bela praça e terminou seu empolgado discurso com a frase:  "o Sr. Prefeito é considerado por todos nós como o maior prefeito de São Paulo em todos os tempos". 
Emocionado, o Brig. Faria Lima fez suas considerações afirmando que seu lema de "portas abertas" permitiu a construção daquele local e que estava feliz, pois já havia  recebido correspondência das prefeituras de Buenos  Aires e Londres solicitando cópia dos projetos do novo Modelodromo.

A festa da inauguração continuou com várias demonstrações de voos com aeromodelos,  combates aéreos, e apresentações de modelos navais, como veleiros , lanchas, transatlânticos e  até  o Destroier do Mammini.

Foi um belo espetáculo.


RE-INAUGURAÇÃO

Meses após a inauguração, o querido Brigadeiro veio a falecer, uma perda irreparável para nós.
Em  1969,  com a saída do Naldoni, fui eleito para presidir a ABA, ficando lá por longos oito anos.
 
Corria o mês de Agosto quando recebi um  convite para me apresentar ao 4º Comando Aéreo para participar de um encontro com o seu comandante, Brig. José Vaz da Silva, sobre a organização dos festejos do Dia do Aviador.
No anfiteatro onde aconteceu a reunião, encontravam-se vários representantes da aviação brasileira.  Orientados pelo Brigadeiro, cada um fazia seu oferecimento para o evento. Uns fariam tocar sinos dentro das aeronaves em voo exatamente na hora em que o  14 - BIS voou, outros prometiam preleção a respeito feita pelas aeromoças aos passageiros, a Varig soltaria triângulos prateados quando passasse pela cidade etc...E eu fiquei por último.  Apontando sua baqueta para mim, disse o Brigadeiro : "E o jovem aí quietinho de onde é? E o que tem a oferecer?"
Represento o aeromodelismo, respondi, mas infelizmente nada tenho a  propor.
Várias vezes somos convidados a  fazer  exibições nessas  datas. As Bases Aéreas geralmente as comemoram fazendo voos com seus aviões  em suas cidades e convidam o povo para  apreciar.
 À noite são oferecidas lindas festas com jantares.  Uma corbelha de flores é colocada no busto de Santos Dumont (aí acho que abusei).  Mas algo especial para os jovens? ... nada .
"Temos um Centro de Modelismo pronto no Ibirapuera, faltando apenas um alambrado para proteger o  público dos eventuais  voos desastrados dos aeromodelistas. Nessas condições, por segurança, não posso liberar para voo. No dia poderíamos fazer uma grande festa em São Paulo, convidando especialmente os jovens, os futuros aeronautas.
Mas quem consegue falar com o novo Prefeito?"  (o novo era o  Snr. Paulo Maluf, por indicação do governo militar, pois na época não havia eleição para tal). A única coisa que podemos fazer é esperar.
 
Educadamente o comandante agradeceu a todos os presentes, despedindo-se. Olhou para mim com ares de poucos amigos e pediu que o acompanhasse. Pensei: " preso".
Em sua sala, mandou bala: "Gostaria de saber qual a razão de sua malcriação"
Respirando fundo, informei sobre a construção do Modelodromo inaugurado recentemente pelo Brig.  Faria Lima. Por falta de tempo, pois seu mandato como prefeito tinha se esgotado,  ficou  faltando um alambrado de proteção ao redor das pistas de aeromodelismo. Sem elas o perigo seria enorme com modelos voando a 200 quilômetros p/h. podendo atingir o público no caso de barbeiragem ou acidente. O atual prefeito informado sobre a  solicitação ainda não se pronunciara.
 
Mais calmo, entendendo o problema e fazendo algumas perguntas, o Comandante pegou um telefone de cor vermelha, e fez uma ligação: "Alô, Malufinho?  aqui é o Brig. Vaz. Tenho aqui em frente um aeromodelista,  rapazinho enjoado que reclama que não pode utilizar o  Modelodromo no Ibirapuera. Gostaríamos, se possível, de realizar no dia do Aviador uma grande festa no local. Ele diz que por falta do alambrado solicitado à Prefeitura como segurança para o público, estão proibidos os voos".  Conversou mais um pouco com o Prefeito e, discretamente colocando a mão sobre o telefone me pergunta:  "o Maluf diz que parecerá um galinheiro." Retruco na hora: "Não, não ficará. Nós pedimos um alambrado seguro e igual ao do Pacaembu."
Bem, encurtando, como terminou a  conversa?:  "Obrigado, Malufinho, no dia irei buscar você e sua família com meu helicóptero e desceremos no centro das pistas com Banda Militar e tudo o mais. Um abraço".
Incrível. Na semana seguinte, o local estava cheio de caminhões e a tempo construíram o alambrado tão importante que lá está até hoje.
No dia do Aviador, em Outubro de 1969, o Modelodromo do Ibirapuera foi reinaugurado com toda pompa, com o Brig. Vaz e o Prefeito Maluf chegando de helicóptero, conforme prometido .
 
Logicamente quem fez o grande discurso foi o Prefeito Maluf.


Na capa da Sport Modelismo, o discurso do então Prefeito Paulo Maluf



DISSABORES

Fiz uma observação no capítulo primeiro  do assunto Modelodromo, pela qual certamente serei cobrado por alguns amigos e terei de  esclarecer:
"...se conseguir a sua construção foi uma boa luta, fazê-lo funcionar bem, a meu ver, ainda é muito difícil".
 
Como talvez eu seja um dos mais idosos modelistas, sempre que ocorrem problemas com autoridades referente ao nosso apaixonante e maluco esporte, sou solicitado a tentar resolver.
 Para não melindrar eventuais companheiros que tanto colaboraram e colaboram comigo, vou  explicar, na continuação deste assunto a frase acima sobre as dificuldades de fazer funcionar a contento o Modelodromo.  Me aguardem.














sábado, 27 de outubro de 2012

AS DATAS DE OUTUBRO E SANTOS DUMONT

 
 

OUTUBRO - "SEMANA DA ASA"  E DIA DO AVIADOR

 
 
 
Conhecem essa peça?
Já pensou pilotar um avião desconhecido, sem proteção, capacetes etc...
Como diz o escritor do Livro "Asas da Loucura

Sentei defronte ao miserável computador que teima em brigar comigo, para dar continuidade ao artigo sobre o   Modelodromo de São Paulo. A continuação do  tema me parece  interessante,   pois se conseguir a sua construção  foi uma boa luta,  faze-lo  funcionar bem , a meu ver, ainda é muito difícil. Oportunamente explicarei por que. Vou abusar da paciência dos que me honram com a leitura do Blog e aqui solicitar uma pausa na história do Modelodromo, pois  lembro que estamos em Outubro e é imediata a ligação deste mês com  "Semana da Asa" e "Dia do Aviador".  É  este assunto tão importante para nós, brasileiros, que vou comentar. Prometo que voltarei em breve  a falar do Modelodromo em seu 2º Capitulo.

SEMANA DA ASA 

Este  Blog foi criado para tratar especialmente de aeromodelismo. Ao mencionar nossos aviõezinhos  devemos lembrar que o  principal  mérito está em se dar conhecimento a todos de quão importante é o papel desse esporte-ciência  na  formação  da  vocação aeronáutica.
Em todo território nacional festeja-se a Semana da Asa com shows aéreos e exposições de aviões. Nessas ocasiões  os aeromodelistas são também convidados para participar, mostrar suas habilidades de voo e construção. Em capítulo anterior deste Blog foram comentadas as apresentações especiais da "Equipe Senta Pua", montadas exatamente para essa finalidade, as quais geralmente se tornavam mesmo a melhor parte dos espetáculos.

Neste ano também tivemos em São Paulo, no Campo de Marte, os costumeiros festejos aviatórios proporcionados pelo 4º Comando Aéreo. Uma festa da aviação para a cidade. Muito bonita.
Homenageou-se a Semana da Asa, o Dia do Aviador, etc.
Mas, vejam só, não vi o nome do "Aviador", aquele que motivou a criação desse dia especial. Não li o nome de Santos Dumont. Não ouvi falar em 14-Bis. Apenas um ou outro órgão de imprensa mencionou a figura do patrício. Por que a  desatenção?

Ah, sinto-me envelhecido, um saudosista. Aproveito para fazer minha crítica. Bem, afinal, se tenho o compromisso de escrever "estas mal traçadas linhas" (coisa antiga, hein?), posso espernear um pouco.

Vivo em São Paulo, aqui nasci e muito provavelmente aqui terminará meu tempo (para o andar de cima só vão os bons). Tenho meus direitos.

Dumont e seu Demoiselle defronte ao Palacio da Princeza Izabel
Pouso fácil. em seus jardins

Vamos relembrar os fatos que me levam a celebrar tanto o nosso "Aviador":
 Em Outubro de 1906,  a pouco mais de 100 anos, um brasileiro doidão convoca a imprensa francesa para, na Praça de Bagatelle-Paris, tentar fazer voar um aparelho mais pesado que o ar, sem ajuda de catapulta. Faz um voo de mais de 200 metros de distância. Um milagre para espanto do público. O único até então realizado.
Esse maluco chamava-se Santos Dumont e deve ser avaliado não somente pelas suas qualidades como projetista, engenheiro, construtor de máquinas, mas pela ousadia de voar sem paraquedas, sem capacete,  num aparelho de performance de voo desconhecida, pois até então voava-se apenas em balões.
Esse feito foi um "start" à aviação. Partindo dele  já chegamos a Marte.
Em 1909 esse mesmo maluco projeta e constrói outro aparelho, o Demoiselle, um ultra-leve que até os dias de hoje  voa magnificamente bem por vários países, inclusive no Brasil. Um avanço enorme.
O nome "Demoiselle" foi escolhido por Santos Dumont em homenagem à nossa Princesa Izabel, a quem ele visitava frequentemente em Paris, chegando na aeronave e pousando nos jardins do palácio.

Os modelos de Dumont são muito apreciados. Vários aeromodelistas construíram réplicas  em escala, inclusive eu, provando as qualidades de voo dessas máquinas fantásticas.
Sabendo disso,  nosso  ex-Ministro da Aeronáutica, Sócrates Monteiro, um dia me deu  o livro "Asas da Loucura", escrito pelo premiado jornalista americano Paul Hoffman, o qual narra a verdadeira história da vida do aviador brasileiro.  Recomendo a leitura.
Ao me presentear, o Ministro fez um pedido:  que eu entrasse em contato com o Ministério de Aeronáutica  para organizar um grande concurso nacional somente para aeromodelos 14-BIS,  incluído nos festejos do Centenário do 1º voo de Santos Dumont, os quais aconteceriam em Brasília, no mês de Outubro de 2006. Como conheceu  bem o aeromodelismo e seus adeptos durante sua  trajetória militar em Cumbica/SP como piloto de  helicóptero, Sócrates Monteiro achava que o evento seria bem interessante. Ele queria, também,  provar ao seu colega Ministro da Aeronáutica do  Canadá que Santos  Dumont foi o primeiro a voar um aparelho mais pesado que o ar.
Embora eu não fosse mais dirigente da Associação Brasileira de Aeromodelismo - ABA,  a ideia me agradou. Era um belo desafio. Aceitei de imediato.
 
Fui convocado a organizar o evento  com todo  apoio logístico na Esplanada dos Ministérios - Brasília,  em contatos constantes com  Aeronáutica e  ABA para que fosse  divulgado durante seis meses,  mas nem por isso deixei de ter um exaustivo trabalho  até mesmo quanto ao avião militar que transportaria inscritos.
 Muito bem, sabem quantos aeromodelistas se apresentaram para o concurso?  Quatro. Sim,  eu disse  QUATRO.  Somente. Três que saíram de São Paulo comigo e um de Brasília. E nenhum modelo voou.
 
Quem fez um  belo voo foi um Demoiselle do amigo "Misturinha". Em seguida, encerrando a jornada naquele bonito local de Brasília, assistimos ao belíssimo vôo de um  14 - BIS  tamanho real,   construído e voado   pelo goiano Galassa. Ele provou que o bicho voava e bem. Saiu nos jornais. Foi a salvação do dia. Juro, nunca mais quero organizar algo parecido. Que fiasco!

Meu Demoiselle

Minha bronca? Acho que poucos parecem dar a devida  importância a Santos Dumont. Os jovens não sabem a respeito, não há divulgação constante, nem eventos especiais para o fato.
Por outro lado, sinto que o aeromodelismo também começa a patinar. Há muita TV, muitos games e o maldito ou bendito computador. Essa é a concorrência.
 Clubes de aeromodelismo funcionando  pelo sacrifício de  seus dirigentes. Como esporte, poucas competições com participação apenas regular. Campeonatos Brasileiros?  Sul-americanos? Mundiais? Só poucos privilegiados podem participar com recursos próprios. Durma-se com um  barulho desse. Desisto.
 
Sabem  como Santos Dumont morreu? Enforcou-se na cidade de Guarujá/SP. Dizem que foi por ver seu invento mal utilizado, usado para a guerra. Penso que não somente por isso. Ele sofria de grave doença  e pior, a dor da solidão após ter conhecido tanta glória. Não conseguiu escapar da depressão.
 
Nos Outubros, vamos sempre nos lembrar de um dos maiores de todos os brasileiros. Neste ano, 2012,  foi realizado um  concurso no SBT com votação nacional  para saber quem foi o maior brasileiro de todos os tempos.  Para defender como um advogado o nome de Dumont, foi indicada a querida esportista e escritora Lauret Godoy, que o fez com seu costumeiro brilhantismo.
Após três  meses e  milhares de votações, para a decisão final ficaram Santos Dumont,  Chico Xavier e, por coincidência, a Princesa Izabel.
 Com maior apelo popular venceu o grande Chico. Merecido.
Para mim, Santos também  foi  vencedor, e como sempre dou minha opinião:
Se em sua época  existisse Prêmio Nobel, certamente teríamos aí o 1º vencedor brasileiro.
O chamamos  de  "Pai da Aviação". Leiam o livro que mencionei. Conta tudo e por um repórter estrangeiro sem paixões nacionalistas.

 Ah, eu não sou vendedor de livros, tá?

O 14 Bis e Minha Oficina

Aconselho aos aeromodelistas:  procurem em suas cidades autoridades civis ou militares para auxiliá-los na organização de clubes, concursos etc.  Lutem por nossas ideias,  vamos tentar transformar o aeromodelismo  no valor que ele tem para a juventude.  Como eu, construam réplicas do 14-BIS. Ele  não será um grande voador, mas é um exemplo da mecânica  aérea e pode ajudar a encontrar respostas para certas dificuldades na construção de  modelos.
Construam também o Demoiselle. É uma graça e voa muito bem.

Meus amigos, acho que valeu a pena eu pensar em  Santos  Dumont.  Concordam?
 
 ] 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

MODELÓDROMO - IBIRAPUERA - SÃO PAULO

CENTRO DE MODELISMO - MODELODROMO DE SP

1º CAPITULO

Certa vez  meu amigo Álvaro Caropreso, veterano aeromodelista e editor de revistas, me pediu que escrevesse a História do Modelodromo. É uma  matéria muito extensa, que foi publicada na integra em sua revista e posteriormente na Hobby News.  Como sempre me perguntam sobre o Modelodromo como nasceu etc...  vou aproveitar do Blog para mais sucintamente, descrever como tudo se iniciou.
Em 1966 eu fazia  parte da equipe brasileira que voltava ao Brasil em Congonhas, do Campeonato  Sul-americano disputado na Argentina. A equipe era completa e trazíamos  alguns troféus conquistados. Uniformizados, chamamos a atenção de um repórter que sempre existem nesses locais à procura de alguma notícia interessante. A primeira pergunta que fez foi curiosa: "o que são esses aviõezinhos?"
Santa ignorância, a culpa não é dele, mas sim nossa que nunca procuramos a imprensa para  dar noticias de nossas atividades. Outra pergunta: "Vocês ganharam muitas competições com esses troféus?". Aí acho que perdi um pouco o senso de humor. Desabafei: São poucas as provas que vencemos, somos muito fracos perto de nossos adversários. Infelizmente não  temos pistas apropriadas para treinamento, fazemos tudo improvisado em terrenos baldios. Insistiu o atrevido repórter:  "Alguma vez vocês pediram ajuda às autoridades civis ou principalmente da aeronáutica?" Não gostei.
Meio encabulado falei grosso:  você repórter e nós simples cidadãos, será que conseguimos falar com alguém importante sejam civis ou militares sem uma apresentação especial ou o que chamamos de "cartucho?".
 A conversa parou por ai.  Nos despedimos  e nos desculpamos pela grosseria. 
Meu amigo, no dia seguinte de manhã, abro o jornal que leio habitualmente e vejo em letras garrafais na seção de esportes: "EQUIPE BRASILEIRA DE AEROMODELISMO VOLTA DO CAMPEONATO SULAMERICANO NA ARGENTINA, LEVA UMA SURRA E CULPA AS AUTORIDADES PRINCIPALMENTE A PREFEITURA POR NUNCA TER SIDO ATENDIDA EM SEUS RECLAMOS".

Como poderia eu imaginar que o repórter talvez nesse dia não tenha tido noticia melhor a dar a seus leitores? Eu procurava  por uma pequena noticia sem muito realce. Por curiosidade, sabem quem era o Sr. Prefeito? Brigadeiro Faria Lima. Uma fera. Não deu outra. Estou no escritório, me chamam no telefone: era o secretário do Prefeito, informando que ele queria uma reunião urgente, e já marcando hora no dia seguinte em seu gabinete.
Na verdade, no passado, tivemos uma  pista asfaltada em local bonito, arborizado, na Av. IV Centenário no Ibirapuera. Tivemos bons campeonatos nesse local. Aí conheci o U-Control ou VCC. Era Presidente da entidade  Antônio Emilio Carlos Naldoni. Grande dirigente e ótimo amigo. Certa noite, eu disse "noite", um abilolado aeromodelista, tinha adquirido um modelo da moda,  movido a jato. Difícil de o motor pegar, mas quando pegava era um barulho só. Além do barulho o safado queria ver o brilho das fagulhas expelidas do jato quando em voo. Em pouco tempo veio ao seu encontro um cidadão andando bem devagar e educadamente falou: "Meu amigo, moro aqui ao lado, já é bem tarde, será que você não poderia praticar seu salutar esporte durante o dia? a resposta: "Vá para aquele lugar e não me encha o saco!"
 
Resultado - o cidadão era o secretario adjunto do  prefeito e sem mais no dia seguinte plantou um poste de iluminação no centro da pista. Transformou o local em "cachorródromo". Está lá até hoje. Acabou o VCC. Fim de papo.
Voltando a nossa história, no dia seguinte lá estava eu no horário previsto, sentado defronte ao Brigadeiro Faria Lima. Cara feia, foi logo dizendo: que negócio é esse de dizer ao repórter que não atendo os pedidos dos aeromodelistas? Alguma vez  vocês me procuraram? Meio assustado respondi: não sou politico e nem sei como abrir tantas portas para chegar ao Sr. Prefeito.

Mais relaxados, falamos de aeromodelismo, dificuldades em ter locais apropriados para a prática etc..
Demonstrando muito interesse em nos ajudar pois sempre julgou que o aeromodelismo era o embrião da vocação aeronáutica, sugeriu que eu procurasse um funcionário arquiteto da prefeitura levando material  para  identificar as modalidades e  áreas necessárias. Agradeci a audiência concedida, nos despedimos com um até breve e muito feliz fui procurar o departamento indicado. No local encontrei dois grandes amigos aeromodelistas,  Mario Monteiro e Gilberto Caldas. Aí só foi festa.

Como editor da Revista Sport Modelismo, recebia todos os meses em troca as SM revistas de todo o mundo.  Escolhi algumas que traziam pistas com medidas oficiais e me entusiasmei com a ideia de um  local com todos os tipos de modelismo. Sempre sonhei que se juntasse todas essas modalidades: Aero, Auto, Férreo, Nauti e Plastimodelismo, num só local seria uma quantidade bem expressiva de praticantes e de público interessado. Munido de material impresso levei a ideia ao Dr. Gilberto que abraçou com entusiasmo imediato em elaborar um anteprojeto.

Marcamos um dia para apresentar o projeto para o Sr. Prefeito. Como sempre muito  pontual nos recebeu, analisou superficialmente  e fez alguns comentários: "Porque três pintas de aero? Porque um tanque de água com 50 metros? E essa arquibancada?". Com essas observações logo percebemos que realmente estava  interessado no projeto. Esclarecemos: necessitamos de 3 pistas para poder realizar possíveis campeonatos mundiais quando a FAI exige as mesmas. O tanque para Nauti com 50 metros permite competições  com barcos com motores à explosão. Arquibancadas para o público e proteção contra o som emitido pelos motores,  e embaixo locais fechados para  práticas do Auto, Plasti e ferreomodelismo,  uma pequena casa de lanches, sanitários e uma sala para a Federação. Ansiosos esperamos uma resposta.
O Prefeito esclareceu: temos que diminuir o projeto pois os custos para construção serão elevados. Temos também uma encrenca com nosso vizinho que quer a área. Rapidamente trocamos algumas ideias e para não perder o embalo do entusiasmo do Sr. Prefeito, sugerimos construir apenas duas  pistas, um tanque  com 25 metros e arquibancada de igual tamanho. Sugestão aceita na hora. Saímos com a promessa que o projeto já modificado seria enviado para licitação. Exultantes, com rasgados agradecimentos ao Sr. Prefeito, agora era  só esperar as coisas acontecerem.
 
Planta Original do Modelodromo - 1967










domingo, 30 de setembro de 2012

REVISTA "SPORT MODELISMO"

A 1a. Sport Modelismo, antes da correção da palavra "Ferromodelismo", depois prontamente corrigida pela bronca do Sr. Wokal.

Quando me  senti tão disposto escrevendo sobre o aeromodelismo neste Blog que a neta Rafaella abriu para mim, fiquei preocupado se não seria apenas por saudosismo; saudades de um passado tão feliz e de tantos companheiros queridos que já partiram para o andar de cima. Pensei: devo continuar, encerro por aqui?  Minha preocupação se explica, pois é importante aos leitores que eventualmente acompanham o Blog que as postagens sejam interessantes. Gostaria mesmo se possível que eles comentassem as publicações. 
Bem, de qualquer forma a preocupação já diminuiu, porque hoje voltei ao computador (maldito, como apanho dele, nem sequer consigo colocar uma foto no artigo)  para lembrar da revista Sport Modelismo e daqueles que  colaboraram comigo  para que ela pudesse ser editada.

Nos anos 60, após vender a loja que tinha em Tucuruvi - SP,  me dediquei às construções de imóveis,  que davam  melhor resultado financeiro. Com a nova profissão, passei a dispor de um tempo ocioso durante o dia. Aeromodelista apaixonado, pensei  como poderia aproveitá-lo para fazer algo pelo meu esporte. Resolvi, então, fazer uma revista de aeromodelismo. Até aquela ocasião as revistas que haviam sido editadas no Brasil não tinham passado dos primeiros números. A razão principal é que a maioria delas dependia de artigos extraídos de revistas estrangeiras e até as plantas para construção dos modelos publicados pediam materiais que não eram encontrados no comércio brasileiro. Desapontavam  o leitor.  
Hoje temos em circulação a excelente "Hobby News", bem impressa,  belas fotos, boas reportagens, comandada pelo  amigo José Luiz, seu incansável editor. Aliás, lembrando que ele sofreu um infarto a pouco tempo, aproveito o ensejo para enviar-lhe um abraço esperando que esteja em ótimo restabelecimento.

Voltando aos anos 60, recebi todo apoio  ao solicitar de alguns modelistas a colaboração na revista que pretendia editar. Contudo, senti que teria pouco a publicar mensalmente se apenas trabalhasse  com o aeromodelismo. Sempre pensei em unir todos os tipos de modelismo. Assim, como primeiro passo, imaginei   uma publicação que falasse do  AERO, AUTO, FERREO, PLASTI  e  NAUTIMODELISMO. O  número de interessados cresceu. Melhorou também a quantidade  de possíveis anunciantes e a  equalização  das  despesas  relativas  à  edição,  impressão   e  distribuição para  todo  o país.  Resolvido.
O segundo passo foi encontrar um título para a revista. Qual seria seu nome? 
O saudoso e querido amigo Felício Cavalli, que editara uma revista por pouco tempo, ofereceu graciosamente o nome da mesma, o que facilitou burocraticamente: surgiu a nova "SPORT MODELISMO".
Ótimo, tudo bem, mas não tínhamos idéia de como fazer uma revista.
Consultamos  outro grande amigo, o Erkki Bohm, também já falecido. Erkki era finlandês, ex-piloto de guerra, um teórico do aeromodelismo e excepcional desenhista, profissão com a qual prestava serviços para várias revistas. Aconselhou-me a contatar  o aeromodelista e seu conterrâneo Yussi Lehto, que sendo fotógrafo da editora Abril  tinha conhecimentos sobre a formatação de publicações.
Com Yussi aprendi a paginar e fazer um "boneco", ou seja, elaborar uma revista com papel comum em branco, com o tamanho e a quantidade de páginas desejados, colar os  artigos escritos previamente impressos em linotipo, os clichês das fotos, e depois sangrar, isto é, aperfeiçoar seu corte.
 Era um trabalho que nem se pensa em ter hoje em dia. No mundo digital, com a invenção do computador
(maldito ou bendito),  tudo ficou mais fácil e perfeito.

Mas, vejam que infeliz coincidência! Justamente hoje, escrevendo este artigo, recebi a  notícia do falecimento do Yussi. Não é muito triste?

Voltando novamente aos anos 60... Para a impressão das fotos da SM encontrei  uma clicheria onde fui muito bem atendido por um dos funcionários . Ao voltar para retirar o serviço, o moço que me atendeu, impressionado com os clichês, perguntou-me como era um aeromodelo. Para matar sua curiosidade  convidei-o para ir a minha casa. Encantado com os modelos que viu na minha oficina, pediu para ir ao campo de vôo.  Dai, apaixonou-se pelo aeromodelismo, começou a construir planadores A-2,  participou de  provas e fez parte da equipe da Seleção Brasileira em vários Sulamericanos. Seu nome: Armando Martins.
Alguns modelistas, especialistas nas diversas modalidades do modelismo apresentadas na revista,  participaram  assiduamente das publicações colaborando  incrivelmente Seguem seus nomes. Perdoem-me,  por favor, se eu porventura esquecer alguém, pois  minha "cuca"  já  anda  pifando:

AEROMODELISMO: Almir Matos, Paulo Solon, Cavalli, Ferdinando Faria.
AUTOMODELISMO: Evaldo P. Almeida, Valentim Sarvasi.
FERREOMODELISMO : Joaquim Wokal - (quase apanhei por  ter escrito FERRO no 1º número)
PLASTIMODELISMO: Francisco Penino
NAUTIMODELISMO: Edmar Mammini, H. Brício.
DESENHOS E CARICATURAS: José Americo Mendes
FOTOGRAFIAS: Yussi Lehto e Claudio Larangeira
REDATORA E REVISORA: Daisy Rabello Nutini

Essa bela turma foi a responsável pelo que acredito ser sido o êxito de nossa revista

Ainda hoje recebo mensagens de modelistas perguntando por números avulsos da revista. Suas coleções ficaram incompletas. Fico feliz ao saber do interesse, mas tenho somente uma coleção completa encadernada que guardo com muito carinho. Recentemente recebi o telefonema de um plastimodelista que gostaria de conhecer o editor da SM. Nos encontramos e fiquei conhecendo talvez um  dos maiores colecionadores de automodelos chamados de fenda (ex-autorama). Fui com minha esposa ao seu sítio para conhecer sua coleção. Ela se encontra num salão construído especialmente para isso, climatizado. É formada por mais de 3.000 (TRÊS MIL)  chamados carrinhos, todos novos,  em suas embalagens originais, em pleno funcionamento. O modelista importou pistas da Alemanha,  os cenários apropriados, construiu e organizou prateleiras  com as mais variadas coleções de revistas, inclusive a nossa SM. Convida os amigos para competirem com seus bólidos nos finais de semana. Carinhosamente eu o chamei de '"Doido de Pedra". Para completar, hoje ele tem uma loja especializada em modelismo,  aqui em São Paulo, no  bairro Santana. É a "SEBRING". Sua coleção particular ficou no sítio, nada foi usado na nova loja. É um fanático, concordam? Seu nome:  Oswaldo Pace.

Mencionei o Oswaldo devido a pergunta que me fez e constantemente recebo:  "Após tantos números publicados, bem sucedida e recebida pelos aficionados por três anos, porque SM parou de ser editada?"
Lá  vai a resposta: O tempo ocioso que a ela eu dedicava no início de sua  edição,  deixou de existir quando a construção de imóveis cresceu. E esta era meu ganha-pão. Com muita dor, resolvi encerrar  minha carreira como editor, ficando eternamente grato pelo carinho de nossos leitores e dos amigos.

Revista Sport Modelismo



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Campeonato Sul Americano - Uruguai





CAMPEONATO SULAMERICANO 

SALTO - URUGUAY

Termas de Arapey


O primeiro Campeonato Sul Americano no Uruguai foi realizado (quase) em Montevidéu.
A delegação brasileira, completa com dirigentes e esportistas, compareceu na hora estabelecida no Campo de Marte em SP. Fomos transportados por um DC-3 do Correio Aéreo. Viagem  tranquila, todos felizes, chegamos em Montevidéu. Desembarcamos com nossos materiais, vimos o avião dar uma volta e retornar para o Brasil. Beleza. Esperamos pelos dirigentes uruguaios por alguns minutos, e vimos chegar correndo um deles. Nos informou que o Campeonato foi cancelado,  por ter ocorrido uma greve geral no país. Ainda vimos o nosso DC -3 voltando e ouvimos que ele viria nos retirar dali uma semana. Que bela história, tivemos que nos cotizar para pagar as despesas de hotel e alimentação, sem ter nada a fazer na cidade. 

 Um belo dia estou no escritório e me chamam no telefone o Ministro da Aeronáutica do Uruguai. Só poderia ser trote. Atendi com certa displicência: "Em que posso ser útil Sr. Ministro?"...
- "Sr. Nutini estou lhe telefonando para fazer um pedido: alguns dirigentes aeromodelistas uruguaios informaram que vocês tem organizado bons Campeonatos Sul Americanos. Gostaria muito de realizar o próximo Campeonato aqui em Salto, contando com sua organização. É meu desejo prestigiar o aeromodelismo, pois sei  que  esse esporte  inocula o vírus da aviação em nossos jovens. E nós precisamos muito dessa injeção. Posso contar contigo?"

Surpreso pelo inesperado telefonema e convite, respondi que seriam necessárias várias providências tais como:
1 - ter local apropriado para cada prova;
2 - alojamento para  aproximadamente 150 pessoas;
3 - alimentação todos os dias nos alojamentos e no campo;
4 - transporte interno;
5 - local apropriado para autoridades civis e militares na abertura e encerramento;
Quando considerar as solicitações viáveis, gostaria de fazer uma vistoria no local para saber das reais possibilidades de ocorrer um Campeonato de tal magnitude, complexo, quando diversas nações do continente certamente estarão presentes.

 Resposta: " Peço a gentileza de comparecer tal dia e tal hora, no balcão da PLUNA no aeroporto de Congonhas, para retirar sua passagem e o estarei aguardando no Ministério".

Fim de papo. Não era trote. Assim, no dia acertado lá estava eu com vários dirigentes aeromodelistas locais e o Sr. Ministro. Sem mais delongas, fui informado que iriamos ao local onde eventualmente se realizaria o Campeonato. De Montevidéu fomos de automóvel até Salto, e lá direto para "Termas de Arapey".  Local bonito, tipo balneário, onde havia alojamento e tudo o necessário para acomodar os participantes inclusive com piscinas de água quente natural à disposição.

Na volta, de imediato telefonei para os dirigentes argentinos, os irmãos Cromberg, falei sobre o convite e se podia contar com eles na organização. Felizes com a noticia, se dispuseram para o que fosse necessário e assim os encontrei desde o primeiro dia de nossa chegada ao local.

Mais uma vez contamos com a valiosa colaboração do DAC, que providenciou um avião do Correio Aéreo para nos transportar. Entreguei um convite especial do Ministro uruguaio ao nosso diretor geral  do DAC.
Com tudo organizado e com a presença de todas as nações continentais presentes (fiz o convite através de Radioamador, PY2-EDG, da qual fui apaixonado), no dia da abertura oficial do Campeonato, chegou a Salto um avião especialmente  para trazer as autoridades brasileiras.
Um bonito  palanque com muitos  representantes de orgãos oficiais do Uruguai e dos países convidados, discursos de agradecimento e um  bom público presente. Oficialmente declarado aberto o Campeonato Sul-americano informamos que haveria uma demonstração de aeromodelismo. De quem seria esta apresentação...? da nossa  Esquadrilha Senta Pua. Um verdadeiro sucesso pela ousadia das manobras e uma amostra das várias modalidades que seriam disputadas. Nosso diretor da equipe, Celio Pinho, convidou o Sr. Ministro para que no centro da apresentação pilotasse um modelo rádio controlado que já estava no ar. Após  algumas instruções de funcionamento do transmissor, lá ficou o Brigadeiro tentando fazer  piruetas. Em poucos minutos o modelo ficou "maluco" e parecia que iria se estatelar no solo. Assustado o Ministro tratou de devolver novamente o transmissor antes que acontecesse o pior. Com calma o Celio informou que era uma brincadeira dos rapazes. O verdadeiro transmissor estava  na mão de outro aeromodelista ao lado, que escondido comandava o aparelho. Tudo ficou em santa paz. Pedido desculpas ao Ministro, que prontamente aceitou e mostrou-se feliz por não ter quebrado nada. O  público bem como todos no palanque se divertiram muito com a apresentação desses loucos, arrancando prolongados aplausos. Para os que puderam estar presente no evento certamente levaram  boas recordações desse Campeonato Sul-americano e da acolhida dos uruguaios. Brasil e Argentina dividiram grande parte dos troféus em  disputa, mas todos os países saíram felizes pela participação e congraçamento.
Na despedida o Sr. Ministro além dos elogios mostrou-se muito interessado em realizar outro campeonato   nos  mesmos moldes em sua terra natal.  Ficou com nossa promessa.




Esta é uma foto da chegada de nossa delegação a Termas e Arapey - Uruguai 
O transporte foi oferecido pelo antigo DAC - e efetuado pelo Correio Aéreo Nacional (CAN)










quinta-feira, 13 de setembro de 2012

EQUIPE "SENTA A PUA"

SENTA A PUA



  Tenho de  concordar que a grande maioria das competições de aeromodelismo é um belo espetáculo, com muita luta entre os participantes e a torcida ferrenha de suas equipes. Mas, ao público que as assiste, geralmente desconhecedor das modalidades em disputa e das regras que as regem, decorrido algum tempo de prova  a repetição de manobras causa tédio. As pessoas se cansam e aos poucos se retiram do local.  Isso é comum também em outros esportes, exceção para  jogos profissionais.
Como dirigentes, tínhamos essa preocupação  com o público assistente. Como segurá-lo?

  Surgiu, então, para segurar o público desde o início das competições, a ideia de se fazer algo parecido como os antigos "Aqua-Loucos", grupo que se apresentava em competições de natação com shows que misturavam técnica do esporte e brincadeiras. Eles eram um sucesso. Com essa apresentação seguravam a plateia enquanto as competições náuticas prosseguiam.
Imaginamos a abertura de um campeonato de aeromodelismo com um palanque cheio de autoridades civis e militares, Hino Nacional,  discursos etc...e, em seguida, para que todos os presentes tomassem contato com as várias modalidades a serem disputadas, seria anunciada  a apresentação da  "EQUIPE SENTA A PUA".   Como fazer?

  Selecionamos 12 entre os melhores aeromodelistas das modalidades de Voo-Livre, U-Control (voo circular com cabo) e de Rádio Controlado que se dispuseram a treinar e se apresentar num espetáculo desse. Para comandar o grupo, foi escolhido aquele que tinha o melhor trânsito entre todas as modalidades: o  José Celio Pinho.
Foram confeccionados belos uniformes, adquirido o material necessário  e a ideia criou forma.

Primeiro Teste:   Campeonato Brasileiro em Brasília

  A primeira apresentação da Equipe foi no Campeonato Brasileiro, em Brasília.
Com o apoio do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação - DEFER e  boa publicidade da imprensa,  conseguimos  a presença de grande público e de muitas autoridades.
 Até o Ministro da Aeronáutica,  Brig. Araripe Macedo, compareceu  com sua filmadora em punho.
Anunciada nos alto-falantes a  apresentação da "Senta a  Pua",  nossa preocupação cresceu.
O U-Control  iniciou  o show com a simulação de uma prova de acrobacia.  Um aeromodelista fazendo todas as manobras previstas  pelas regras FAI e um locutor descrevendo cada manobra.
 Em seguida, dois grupos de corrida em conjunto (Team Racing)  simularam uma corrida de 50 voltas com  reabastecimento de combustível.
Imediatamente foi demonstrado um voo de velocidade, o piloto apoiado num pilão no centro da pista  e o modelo  atingindo mais de 150 km p/hora. Incrível.
Bem treinados para dar continuidade ao espetáculo,  rapazes com modelos de voo-livre um pouco mais distantes do local da pista circular, mas bem visíveis,  soltavam seus aeromodelos sem comando,  com motor,  a elástico e planador.
Ao mesmo tempo,  um rádio controlado iniciava o voo com a realização de várias manobras, algumas bem arriscadas narradas  por locutor especializado, que arrancavam longos aplausos do público.
Para finalizar, quatro malucos se apresentaram numa prova de Combate, voando juntos no centro da pista, tentando cada um  cortar a fita de 5 metros de papel crepom da cauda dos aviões adversários. Em dois minutos todos modelos estavam estatelados no solo. Uma loucura.
Ao todo, a demonstração da "Senta a Pua" decorreu em 30 minutos cronometrados. Eu diria, com um final apoteótico.  Palanque e público entusiasticamente  aplaudindo o espetáculo da nossa equipe.
O objetivo foi atingido. Terminada a apresentação, o enorme público aos poucos dirigiu-se para os locais das provas, enquanto as autoridades, lentamente, comentando os vários aspectos da demonstração, se encaminhavam ao coquetel oferecido pelo DEFER.
 A imprensa, presente em grande número, muito apreciou a matéria. Publicidade não faltou.
Quanto a nós, dirigentes, felizes por iniciar o  Campeonato com a certeza de que o caminho fora o certo, ou seja, conseguimos mostrar o aeromodelismo como o belo esporte que é, além de hobby-ciência, sem a qualificação de brinquedo ou coisa de rico.
  Outros Campeonatos se realizaram nos mesmos moldes e temos a certeza de que a partir daí as  autoridades passaram a respeitar mais o  nosso querido esporte.

 Lamentavelmente a turma da "SENTA A PUA" foi desfeita, abandonada, seja por falta  dos Campeonatos ou  por acomodação dos dirigentes.
 Futuramente falarei sobre os vários Campeonatos realizados no Brasil e no Exterior onde a Esquadrilha se apresentou com grande sucesso, deixando uma enorme saudade.



Logo "SENTA A PUA" utilizada pela FAB


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Aeromodelismo: Preconceito, Clubes, Associações e Confederações



 

SERÁ  PRECONCEITO ?

Vou chover no molhado. Sabemos que o aeromodelismo, conforme praticado, pode ser considerado hobby ou esporte, mas acima de tudo é congraçamento de pessoas que gostam da aviação-esporte-ciência.

É esse congraçamento, ao meu ver, o melhor meio que se tem para torná-lo mais conhecido, especialmente  como esporte, e  serem ampliadas as possibilidades de seu desenvolvimento.
O que às vezes complica e limita esse caminho, contudo, é o que chamo de PRECONCEITO.
 Sim, preconceito de alguns aeromodelistas e dirigentes de clubes que  considerando importante apenas a modalidade que praticam, ao contrário, se isolam.  Ficam reduzidos a pequenos grupos.

Num  passado recente, a diretoria da Associação Brasileira de Aeromodelismo e eu, como seu presidente, trabalhamos para reunir competidores de Voo-Livre, U-Control e Rádio. Com muita luta conseguimos o feito já através dos Campeonatos Nacionais e Sul americanos que se realizaram inicialmente em Brasília.
 A ideia a princípio parecia maluca, mas tomamos como base as competições de atletismo nas quais são realizadas diversas provas ao mesmo tempo e no mesmo lugar. Juntando tudo, o número de inscritos seria grande atraindo maior público/ publicidade e os bons olhos das autoridades.
No caso do Sul-americano, os 10 países participantes - informados e convidados por radioamador (não tínhamos  Internet) - se encantaram com a ideia. Todos participaram.
Os vários problemas de organização foram  analisados e resolvidos pelo rádio, em varias reuniões com os dirigentes de todos os países. Uma das resoluções tomadas: os juízes das provas seriam os participantes das outras modalidades ( sem prejuízo de sua atuação esportiva, é claro)  e  "sem preconceito". Obrigação imposta a todos inscritos e que foi realizada com sucesso, assim como os campeonatos de forma geral.
Acho que a ideai deu certo. Gostaria, porém, de poder contar aqui neste blog também com a opinião daqueles que como participantes vivenciaram os eventos assim realizados.
 Uma coisa é um Campeonato de uma modalidade  com bons, mas  poucos participantes e outra é reunir muitos aeromodelistas num Grande  Campeonato com a presença expressiva do público e ótima divulgação na imprensa. Muitos Prefeitos se manifestaram oferecendo suas cidades para sediar  um evento inusitado, dessa magnitude, alguns argumentando como seria importante para o local a realização de  um campeonato tão diferente e pouco conhecido como o aeromodelismo.  Era difícil fazer a escolha com tantas ofertas.
Tínhamos transporte, alimentação, hospedagem, pistas e locais para as provas, auditórios para solenidades etc. Era só arregaçar as mangas, e assim fizemos.
E assim foram realizados ótimos  Campeonatos dos quais temos belas lembranças, por ex. os de Uberlândia (duas vezes), Boa Vista - Roraima, Uruguai e  Argentina. Oportunamente contarei algumas curiosidades sobre eles.

Sinto muito que tudo isso tenha sido abandonado, não sei se por  desinteresse de dirigentes ou das autoridades que se afastaram do aeromodelismo por falta de notícias ou contato.
Vejo hoje ótimos diretores de clubes que se esforçam para manter ativo o esporte, mantendo boas sedes. Mas  talvez o que chamo de PRECONCEITO ainda  inviabilize a idéia dos grandes congraçamentos.
Vou insistir e continuar escrevendo sobre a importância dos Clubes, Associações, Federações e Confederações para justificar e manter perante nossas autoridades civís e  militares,  o titulo de que AEROMODELISMO é também um ESPORTE, reconhecido após 12 anos de luta.




                 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Reconhecimento do aeromodelismo - parte 2


AEROMODELISMO - ESPORTE -  Parte 2

Assim que chegaram as peças solicitadas ao DAC, iniciamos o trabalho com a ABA. Os motores FOX 35 (50) e os Rádios americanos - não me lembro a marca (10) fizemos uma enquete e entregamos aos clubes mais necessitados. Realizamos campeonatos nacionais e sul-americanos. Uma pena que estes não mais se realizaram (todas as modalidades praticantes e em 3 dias). Em outros capítulos comentarei os principais campeonatos como foram organizados. Para se adquirir a confiança das autoridades, sejam civis ou militares, é necessário nunca mentir, mostrar serviço, e usar via de duas mãos, ou seja, realizar eventos públicos promovendo o esporte e em troca ter o apoio  incondicional dessas autoridades. Para exemplificar,
certo dia fui avisado pelo interfone em meu escritório que haviam algumas autoridades da aeronáutica para nos visitar. Foi solicitada a reserva dos elevadores e de surpresa vi o Brig. Deoclécio, acompanhado de seguranças  numa visita de cortesia. Na realidade, mais tarde eu soube que algum aeromodelista maluco insinuou que o escritório estava sendo usado só por minha empresa, inclusive o secretário do DAC, Sr. Wilson. Após uma vista geral, um bom papo  e cafezinho, nos abraçamos e a vida continuou. Nunca mais as portas se fecharam  quando  necessitei de algo do DAC, inclusive aviões do Correio Aéreo para transportar equipes para todos os Campeonatos, nacionais e internacionais.
Era Ministro da Fazenda o Snr. Delfin Neto. Para arrumar as finanças da  casa ele implantou um sistema de tributação para  as importações. Taxou cada produto com alíquota diferenciada. As taxas variavam de 10% a  200%. Bonito para o Brasil, e nós aeromodelistas que usávamos naquela época quase tudo importado? ZERO. Fomos qualificados como brinquedo e como tal  simplesmente nada poderia ser adquirido no exterior. Só no contrabando. Viramos contrabandistas. QUE BELEZA.
A única solução era provar que éramos também um ESPORTE. Fácil? Levou 12 anos para vencer a burocracia e em outro capitulo vou contar toda a historia, isso se não cansar muito meus amigos leitores.

BUROCRACIA:


 Para ser reconhecida a atividade como esporte, tivemos que ir ao Ministério da Educação e depois ao CND - Conselho Nacional de Desportos. Na ocasião o Presidente do Conselho era o Prof. Tubino. Este foi muito amável,  mostrou o caminho das pedras. Tivemos que provar que o aeromodelismo utilizava  esforço  físico do atleta.  Durante um mês, convoquei e fui bem atendido pelos praticantes de cada modalidade.  Todos tiveram que se apresentar com hora marcada na clinica indicada , e em campo. Foram feitos exames médicos em todos. Posteriormente foram marcados exames nos locais onde praticavam a modalidade.

OS EXAMES:

Voo Circular ou U-Control:  Pistas do Modelodromo do Ibirapuera/SP.

Velocidade: 10 voltas em 1 minuto, examinar tontura do maluco no meio da pista.
Combate: dois outros malucos combatendo, cortando fitas  e quebrando seus aviões no centro.
Acrobacia: Perfeição nas manobras para obter notas de juízes (ter regras obrigatórias)
Corrida em Conjunto - Team Racing: duas equipes completas com mecânico e piloto, competindo 50 voltas juntos, capacete de proteção na cuca, abastecimento de tanques a cada 20 voltas (regras), quebrando dedos para dar partidas seguidas nas hélices sem perda de tempo. Um dia inteiro com aeromodelistas e médicos especializados em campo, medindo pulsações de coração etc...
Rádio Controle: Dois esportistas fazendo em Cumbica/SP  manobras  pré-determinadas por regras FAI. Foi verificado os reflexos e perfeição nessas manobras exigidas. Na ocasião mostramos com fotos que o Campeão de F/1  Emerson Fittipaldi, praticava seus reflexos com aeromodelos que levava sempre em seu avião particular a cada  pista de corrida.
Recentemente Ayrton Senna faria o mesmo.
Voo-Livre : Também em Cumbica, três esforçados demonstraram aeromodelos com motor à explosão, a elástico e planador. Após soltarem seus modelos, correram para recuperá-los no pouso, isto a 1 quilômetro mais ou menos. Cada competição consta  7 voos. Perda de 2 a 3 quilos cada um. Haja esforço. Só esta prova já serviria para provar o desgaste. Os médicos acompanharam todas as provas com medições constantes nos esportistas.

O CONSELHO NACIONAL DE DESPORTES:

 Junto com os exames, entregamos um calhamaço de quase 100 folhas com fotos e regras obrigatórias exigidas pela FAI. Tenho comigo os originais destes documentos.
Um belo dia recebi um telefonema do comandante do 4º Comando Aéreo, Major Brigadeiro Sócrates Monteiro (futuramente seria Ministro da Aeronáutica) informando que eu teria que comparecer ao Rio de Janeiro numa Assembleia do CND, onde deveria pessoalmente defender como um advogado o reconhecimento do aeromodelismo junto aos seus 7 membros. A sessão durou 2 horas. O Major dispôs seu avião particular para me levar ao Aeroporto Santos Dumont ida e volta.

Eu e meu filho Fábio, de volta  no mesmo avião, parecíamos dois idiotas, chorando. Finalmente o Aeromodelismo foi reconhecido por lei,  como ESPORTE.

Se alguém necessitar, tenho copia da Lei, emitida pelo Ministério da Educação. 










terça-feira, 14 de agosto de 2012

Aeromodelo escala Demoiselle

 
 

 

AEROMODELISMO  - ESPORTE - Parte 2

 
 
 
Continuando o assunto deste blog  Demoiselle, para festejar o aniversário de voo do 14 bis, resolvi construir um modelo do bichinho.  Pesquisei no Google, e encontrei uma planta original do avião. Desenhei em escala 1 X 10. Um tamanho  bom, com mais ou menos 1 mt. de envergadura, cabe fácil no porta-malas do automóvel. Eu já havia construido um kit do modelo e desse tamanho, voou muito bem. Se algum aeromodelista quiser uma copia da planta é só pedir através de aeronutini@gmail.com ou wnutini@globo.com. Lógico que não é um modelo para principiantes, mas para quem tem alguma prática será fácil. Usei balsa bem leve, pois o modelo não pode  passar de 200 gramas sem equipamento. No total ficou com 400 gramas. Para uma réplica perfeita seria necessário uma construção com bambú. Não sou um expert em escala, minha vida a dediquei ao voo-livre. Esses caras do Escala são malucos, eu os admiro pela procura da perfeição. Gosto de apreciar a beleza e o voo de seus modelos, sempre uma obra de arte .
As asas -  Para o perfil das nervuras das asas, colei 3 chapas de  balsa 1/16 com os veios contrários, ou seja, uma na horizontal,  uma na vertical e a outra novamente na horizontal. Um compensado de balsa. Fiz um modelo de madeira dura da nervura e cortei uma por uma. Os modelistas mais modernos têm como imprimir o desenho numa chapa e cortar a laser. Tomei muito cuidado para montar as asas colocando calços   de 1 cm embaixo da longarina. Não pode ter empenagens. Para bordo de ataque e de fuga usei balsa dura redonda. A entelagem fiz com papel branco silkspan fino. Para os mais experientes aconselho entelar com papel molhado pré-encolhido. Essa técnica aprendi com veteranos, que aliás são poucos atualmente.
Fuselagem -  Para a fuselagem procurei balsa dura mas leve. É um triângulo fácil de construir. Na ponta vai um toco de madeira dura para receber o motor. Lembro sempre que construi o modelo para eletrônica de  bateria Lipo. Posteriormente farei uma lista do conjunto. As rodas, cortei em compensado com serra tico-tico e o aro de borracha (pneus), comprei numa loja de artigos hidráulicos, acho que servem para  retentores de torneiras. Quando necessário, usei também (comprados em supermercados) pinos de bambú  para churrasco.
Conjunto leme-estabilisador. Construir foi fácil, o problema é entender o sistema mecânico idealizado por Santos Dumont. É simples mas fantástico. Só apreciando o desenho e aplaudindo este gênio que foi Santos.  Uma vez numa palestra que tive o privilegio de falar a respeito disse: "Se na época tivesse Premio Nobel, certamente teriamos ele o primeiro homenageado do Brasil". Proximamente se houver interesse continuarei este artigo. Fico a disposição neste Blog ou como ja informei acima - wnutini@globo.com.
Me desculpem - Entendo mais ou menos de aeromodelismo mas de computador sou um desastre.










 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Demoiselle - homenagem a Santos Dumont



 A foto acima mostra uma de minhas criações. Ou melhor, recriações, pois se trata de um aeromodelo Demoiselle, concebido por Santos Dumont em 1907. Para quem não conhece, o Demoiselle é considerado o primeiro ultraleve do mundo, e por isso ganhou esse nome: leve e muito pequeno, foi chamado por Santos Dumont de "senhorita" (Demoiselle em francês). Ao todo, Dumont construiu nove Demoiselles, alguns que só voavam poucos metros. Apenas em 1909, dois anos depois do primeiro modelo, Dumont conseguiu fazê-lo voar quilômetros, com motor 18 cavalos e asas arqueadas. Naquela época, franceses se aglomeravam para vê-lo voar. Atualmente, réplicas não - funcionais podem ser vistas no Museu Aeroespacial, na cidade do Rio de Janeiro. 
 Na próxima postagem, contarei detalhes sobre a construção de meu aeromodelo Demoiselle, aguardem. 

Dumont e o primeiro Demoiselle - 1907



O modelo em 1909





terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sobre a história até aqui, ou quase...


1 - SOBRE AEROMODELISMO



O Aero Nutini veio da vontade de compartilhar uma antiga paixão: o aeromodelismo. Aqui gostaria de receber visitas e comentários de pessoas que apreciam o Aeromodelismo e que também têm boas histórias pra contar.




Sejam bem vindos ao Aero Nutini!Sobre mim: meu nome é Walter Nutini e descobri os aeromodelos aos 12 anos, quando os chocolates Pan decidiram premiar quem conseguisse completar um álbum de figurinhas com um aeromodelo de motor a gasolina. Fiquei fascinado com a ideia e tempos depois, com a ajuda de um amigo, fui levado a um Campeonato no Campo de Congonhas (naquela época uma simples pista de terra batida) e ali me apaixonei. Me tornei aeromodelista, tendo um gosto especial por vôo livre em planadores. Participei de diversos campeonatos importantes: Brasília, Roraima, Córdoba, Santiago, além dos mundiais da Espanha, EUA, Iugoslávia, Argentina... são muitas lembranças; No Aeromodelismo fiz grandes amigos, inesquecíveis.A partir de 1967 participei da primeira publicação brasileira sobre Aeromodelismo: a revista Sport Modelismo, que veio a ser a primeira literatura técnica nacional sobre o assunto. O Aeromodelismo mudou muito, hoje com modelos elétricos que voam em qualquer espaço. Porém, acredito que a natureza do aeromodelista é e sempre será uma só: a de construir e ver voar suas criações. 




Revista Sport Modelismo - 1967