terça-feira, 28 de agosto de 2012

Reconhecimento do aeromodelismo - parte 2


AEROMODELISMO - ESPORTE -  Parte 2

Assim que chegaram as peças solicitadas ao DAC, iniciamos o trabalho com a ABA. Os motores FOX 35 (50) e os Rádios americanos - não me lembro a marca (10) fizemos uma enquete e entregamos aos clubes mais necessitados. Realizamos campeonatos nacionais e sul-americanos. Uma pena que estes não mais se realizaram (todas as modalidades praticantes e em 3 dias). Em outros capítulos comentarei os principais campeonatos como foram organizados. Para se adquirir a confiança das autoridades, sejam civis ou militares, é necessário nunca mentir, mostrar serviço, e usar via de duas mãos, ou seja, realizar eventos públicos promovendo o esporte e em troca ter o apoio  incondicional dessas autoridades. Para exemplificar,
certo dia fui avisado pelo interfone em meu escritório que haviam algumas autoridades da aeronáutica para nos visitar. Foi solicitada a reserva dos elevadores e de surpresa vi o Brig. Deoclécio, acompanhado de seguranças  numa visita de cortesia. Na realidade, mais tarde eu soube que algum aeromodelista maluco insinuou que o escritório estava sendo usado só por minha empresa, inclusive o secretário do DAC, Sr. Wilson. Após uma vista geral, um bom papo  e cafezinho, nos abraçamos e a vida continuou. Nunca mais as portas se fecharam  quando  necessitei de algo do DAC, inclusive aviões do Correio Aéreo para transportar equipes para todos os Campeonatos, nacionais e internacionais.
Era Ministro da Fazenda o Snr. Delfin Neto. Para arrumar as finanças da  casa ele implantou um sistema de tributação para  as importações. Taxou cada produto com alíquota diferenciada. As taxas variavam de 10% a  200%. Bonito para o Brasil, e nós aeromodelistas que usávamos naquela época quase tudo importado? ZERO. Fomos qualificados como brinquedo e como tal  simplesmente nada poderia ser adquirido no exterior. Só no contrabando. Viramos contrabandistas. QUE BELEZA.
A única solução era provar que éramos também um ESPORTE. Fácil? Levou 12 anos para vencer a burocracia e em outro capitulo vou contar toda a historia, isso se não cansar muito meus amigos leitores.

BUROCRACIA:


 Para ser reconhecida a atividade como esporte, tivemos que ir ao Ministério da Educação e depois ao CND - Conselho Nacional de Desportos. Na ocasião o Presidente do Conselho era o Prof. Tubino. Este foi muito amável,  mostrou o caminho das pedras. Tivemos que provar que o aeromodelismo utilizava  esforço  físico do atleta.  Durante um mês, convoquei e fui bem atendido pelos praticantes de cada modalidade.  Todos tiveram que se apresentar com hora marcada na clinica indicada , e em campo. Foram feitos exames médicos em todos. Posteriormente foram marcados exames nos locais onde praticavam a modalidade.

OS EXAMES:

Voo Circular ou U-Control:  Pistas do Modelodromo do Ibirapuera/SP.

Velocidade: 10 voltas em 1 minuto, examinar tontura do maluco no meio da pista.
Combate: dois outros malucos combatendo, cortando fitas  e quebrando seus aviões no centro.
Acrobacia: Perfeição nas manobras para obter notas de juízes (ter regras obrigatórias)
Corrida em Conjunto - Team Racing: duas equipes completas com mecânico e piloto, competindo 50 voltas juntos, capacete de proteção na cuca, abastecimento de tanques a cada 20 voltas (regras), quebrando dedos para dar partidas seguidas nas hélices sem perda de tempo. Um dia inteiro com aeromodelistas e médicos especializados em campo, medindo pulsações de coração etc...
Rádio Controle: Dois esportistas fazendo em Cumbica/SP  manobras  pré-determinadas por regras FAI. Foi verificado os reflexos e perfeição nessas manobras exigidas. Na ocasião mostramos com fotos que o Campeão de F/1  Emerson Fittipaldi, praticava seus reflexos com aeromodelos que levava sempre em seu avião particular a cada  pista de corrida.
Recentemente Ayrton Senna faria o mesmo.
Voo-Livre : Também em Cumbica, três esforçados demonstraram aeromodelos com motor à explosão, a elástico e planador. Após soltarem seus modelos, correram para recuperá-los no pouso, isto a 1 quilômetro mais ou menos. Cada competição consta  7 voos. Perda de 2 a 3 quilos cada um. Haja esforço. Só esta prova já serviria para provar o desgaste. Os médicos acompanharam todas as provas com medições constantes nos esportistas.

O CONSELHO NACIONAL DE DESPORTES:

 Junto com os exames, entregamos um calhamaço de quase 100 folhas com fotos e regras obrigatórias exigidas pela FAI. Tenho comigo os originais destes documentos.
Um belo dia recebi um telefonema do comandante do 4º Comando Aéreo, Major Brigadeiro Sócrates Monteiro (futuramente seria Ministro da Aeronáutica) informando que eu teria que comparecer ao Rio de Janeiro numa Assembleia do CND, onde deveria pessoalmente defender como um advogado o reconhecimento do aeromodelismo junto aos seus 7 membros. A sessão durou 2 horas. O Major dispôs seu avião particular para me levar ao Aeroporto Santos Dumont ida e volta.

Eu e meu filho Fábio, de volta  no mesmo avião, parecíamos dois idiotas, chorando. Finalmente o Aeromodelismo foi reconhecido por lei,  como ESPORTE.

Se alguém necessitar, tenho copia da Lei, emitida pelo Ministério da Educação. 










terça-feira, 14 de agosto de 2012

Aeromodelo escala Demoiselle

 
 

 

AEROMODELISMO  - ESPORTE - Parte 2

 
 
 
Continuando o assunto deste blog  Demoiselle, para festejar o aniversário de voo do 14 bis, resolvi construir um modelo do bichinho.  Pesquisei no Google, e encontrei uma planta original do avião. Desenhei em escala 1 X 10. Um tamanho  bom, com mais ou menos 1 mt. de envergadura, cabe fácil no porta-malas do automóvel. Eu já havia construido um kit do modelo e desse tamanho, voou muito bem. Se algum aeromodelista quiser uma copia da planta é só pedir através de aeronutini@gmail.com ou wnutini@globo.com. Lógico que não é um modelo para principiantes, mas para quem tem alguma prática será fácil. Usei balsa bem leve, pois o modelo não pode  passar de 200 gramas sem equipamento. No total ficou com 400 gramas. Para uma réplica perfeita seria necessário uma construção com bambú. Não sou um expert em escala, minha vida a dediquei ao voo-livre. Esses caras do Escala são malucos, eu os admiro pela procura da perfeição. Gosto de apreciar a beleza e o voo de seus modelos, sempre uma obra de arte .
As asas -  Para o perfil das nervuras das asas, colei 3 chapas de  balsa 1/16 com os veios contrários, ou seja, uma na horizontal,  uma na vertical e a outra novamente na horizontal. Um compensado de balsa. Fiz um modelo de madeira dura da nervura e cortei uma por uma. Os modelistas mais modernos têm como imprimir o desenho numa chapa e cortar a laser. Tomei muito cuidado para montar as asas colocando calços   de 1 cm embaixo da longarina. Não pode ter empenagens. Para bordo de ataque e de fuga usei balsa dura redonda. A entelagem fiz com papel branco silkspan fino. Para os mais experientes aconselho entelar com papel molhado pré-encolhido. Essa técnica aprendi com veteranos, que aliás são poucos atualmente.
Fuselagem -  Para a fuselagem procurei balsa dura mas leve. É um triângulo fácil de construir. Na ponta vai um toco de madeira dura para receber o motor. Lembro sempre que construi o modelo para eletrônica de  bateria Lipo. Posteriormente farei uma lista do conjunto. As rodas, cortei em compensado com serra tico-tico e o aro de borracha (pneus), comprei numa loja de artigos hidráulicos, acho que servem para  retentores de torneiras. Quando necessário, usei também (comprados em supermercados) pinos de bambú  para churrasco.
Conjunto leme-estabilisador. Construir foi fácil, o problema é entender o sistema mecânico idealizado por Santos Dumont. É simples mas fantástico. Só apreciando o desenho e aplaudindo este gênio que foi Santos.  Uma vez numa palestra que tive o privilegio de falar a respeito disse: "Se na época tivesse Premio Nobel, certamente teriamos ele o primeiro homenageado do Brasil". Proximamente se houver interesse continuarei este artigo. Fico a disposição neste Blog ou como ja informei acima - wnutini@globo.com.
Me desculpem - Entendo mais ou menos de aeromodelismo mas de computador sou um desastre.










 

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Demoiselle - homenagem a Santos Dumont



 A foto acima mostra uma de minhas criações. Ou melhor, recriações, pois se trata de um aeromodelo Demoiselle, concebido por Santos Dumont em 1907. Para quem não conhece, o Demoiselle é considerado o primeiro ultraleve do mundo, e por isso ganhou esse nome: leve e muito pequeno, foi chamado por Santos Dumont de "senhorita" (Demoiselle em francês). Ao todo, Dumont construiu nove Demoiselles, alguns que só voavam poucos metros. Apenas em 1909, dois anos depois do primeiro modelo, Dumont conseguiu fazê-lo voar quilômetros, com motor 18 cavalos e asas arqueadas. Naquela época, franceses se aglomeravam para vê-lo voar. Atualmente, réplicas não - funcionais podem ser vistas no Museu Aeroespacial, na cidade do Rio de Janeiro. 
 Na próxima postagem, contarei detalhes sobre a construção de meu aeromodelo Demoiselle, aguardem. 

Dumont e o primeiro Demoiselle - 1907



O modelo em 1909





terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sobre a história até aqui, ou quase...


1 - SOBRE AEROMODELISMO



O Aero Nutini veio da vontade de compartilhar uma antiga paixão: o aeromodelismo. Aqui gostaria de receber visitas e comentários de pessoas que apreciam o Aeromodelismo e que também têm boas histórias pra contar.




Sejam bem vindos ao Aero Nutini!Sobre mim: meu nome é Walter Nutini e descobri os aeromodelos aos 12 anos, quando os chocolates Pan decidiram premiar quem conseguisse completar um álbum de figurinhas com um aeromodelo de motor a gasolina. Fiquei fascinado com a ideia e tempos depois, com a ajuda de um amigo, fui levado a um Campeonato no Campo de Congonhas (naquela época uma simples pista de terra batida) e ali me apaixonei. Me tornei aeromodelista, tendo um gosto especial por vôo livre em planadores. Participei de diversos campeonatos importantes: Brasília, Roraima, Córdoba, Santiago, além dos mundiais da Espanha, EUA, Iugoslávia, Argentina... são muitas lembranças; No Aeromodelismo fiz grandes amigos, inesquecíveis.A partir de 1967 participei da primeira publicação brasileira sobre Aeromodelismo: a revista Sport Modelismo, que veio a ser a primeira literatura técnica nacional sobre o assunto. O Aeromodelismo mudou muito, hoje com modelos elétricos que voam em qualquer espaço. Porém, acredito que a natureza do aeromodelista é e sempre será uma só: a de construir e ver voar suas criações. 




Revista Sport Modelismo - 1967