CENTRO DE MODELISMO - MODELODROMO DE SP
1º CAPITULO
Certa vez meu amigo Álvaro Caropreso, veterano aeromodelista e editor de revistas, me pediu que escrevesse a História do Modelodromo. É uma matéria muito extensa, que foi publicada na integra em sua revista e posteriormente na Hobby News. Como sempre me perguntam sobre o Modelodromo como nasceu etc... vou aproveitar do Blog para mais sucintamente, descrever como tudo se iniciou.
Em 1966 eu fazia parte da equipe brasileira que voltava ao Brasil em Congonhas, do Campeonato Sul-americano disputado na Argentina. A equipe era completa e trazíamos alguns troféus conquistados. Uniformizados, chamamos a atenção de um repórter que sempre existem nesses locais à procura de alguma notícia interessante. A primeira pergunta que fez foi curiosa: "o que são esses aviõezinhos?"
Santa ignorância, a culpa não é dele, mas sim nossa que nunca procuramos a imprensa para dar noticias de nossas atividades. Outra pergunta: "Vocês ganharam muitas competições com esses troféus?". Aí acho que perdi um pouco o senso de humor. Desabafei: São poucas as provas que vencemos, somos muito fracos perto de nossos adversários. Infelizmente não temos pistas apropriadas para treinamento, fazemos tudo improvisado em terrenos baldios. Insistiu o atrevido repórter: "Alguma vez vocês pediram ajuda às autoridades civis ou principalmente da aeronáutica?" Não gostei.
Santa ignorância, a culpa não é dele, mas sim nossa que nunca procuramos a imprensa para dar noticias de nossas atividades. Outra pergunta: "Vocês ganharam muitas competições com esses troféus?". Aí acho que perdi um pouco o senso de humor. Desabafei: São poucas as provas que vencemos, somos muito fracos perto de nossos adversários. Infelizmente não temos pistas apropriadas para treinamento, fazemos tudo improvisado em terrenos baldios. Insistiu o atrevido repórter: "Alguma vez vocês pediram ajuda às autoridades civis ou principalmente da aeronáutica?" Não gostei.
Meio encabulado falei grosso: você repórter e nós simples cidadãos, será que conseguimos falar com alguém importante sejam civis ou militares sem uma apresentação especial ou o que chamamos de "cartucho?".
A conversa parou por ai. Nos despedimos e nos desculpamos pela grosseria.
A conversa parou por ai. Nos despedimos e nos desculpamos pela grosseria.
Meu amigo, no dia seguinte de manhã, abro o jornal que leio habitualmente e vejo em letras garrafais na seção de esportes: "EQUIPE BRASILEIRA DE AEROMODELISMO VOLTA DO CAMPEONATO SULAMERICANO NA ARGENTINA, LEVA UMA SURRA E CULPA AS AUTORIDADES PRINCIPALMENTE A PREFEITURA POR NUNCA TER SIDO ATENDIDA EM SEUS RECLAMOS".
Como poderia eu imaginar que o repórter talvez nesse dia não tenha tido noticia melhor a dar a seus leitores? Eu procurava por uma pequena noticia sem muito realce. Por curiosidade, sabem quem era o Sr. Prefeito? Brigadeiro Faria Lima. Uma fera. Não deu outra. Estou no escritório, me chamam no telefone: era o secretário do Prefeito, informando que ele queria uma reunião urgente, e já marcando hora no dia seguinte em seu gabinete.
Como poderia eu imaginar que o repórter talvez nesse dia não tenha tido noticia melhor a dar a seus leitores? Eu procurava por uma pequena noticia sem muito realce. Por curiosidade, sabem quem era o Sr. Prefeito? Brigadeiro Faria Lima. Uma fera. Não deu outra. Estou no escritório, me chamam no telefone: era o secretário do Prefeito, informando que ele queria uma reunião urgente, e já marcando hora no dia seguinte em seu gabinete.
Na verdade, no passado, tivemos uma pista asfaltada em local bonito, arborizado, na Av. IV Centenário no Ibirapuera. Tivemos bons campeonatos nesse local. Aí conheci o U-Control ou VCC. Era Presidente da entidade Antônio Emilio Carlos Naldoni. Grande dirigente e ótimo amigo. Certa noite, eu disse "noite", um abilolado aeromodelista, tinha adquirido um modelo da moda, movido a jato. Difícil de o motor pegar, mas quando pegava era um barulho só. Além do barulho o safado queria ver o brilho das fagulhas expelidas do jato quando em voo. Em pouco tempo veio ao seu encontro um cidadão andando bem devagar e educadamente falou: "Meu amigo, moro aqui ao lado, já é bem tarde, será que você não poderia praticar seu salutar esporte durante o dia? a resposta: "Vá para aquele lugar e não me encha o saco!"
Resultado - o cidadão era o secretario adjunto do prefeito e sem mais no dia seguinte plantou um poste de iluminação no centro da pista. Transformou o local em "cachorródromo". Está lá até hoje. Acabou o VCC. Fim de papo.
Voltando a nossa história, no dia seguinte lá estava eu no horário previsto, sentado defronte ao Brigadeiro Faria Lima. Cara feia, foi logo dizendo: que negócio é esse de dizer ao repórter que não atendo os pedidos dos aeromodelistas? Alguma vez vocês me procuraram? Meio assustado respondi: não sou politico e nem sei como abrir tantas portas para chegar ao Sr. Prefeito.
Mais relaxados, falamos de aeromodelismo, dificuldades em ter locais apropriados para a prática etc..
Demonstrando muito interesse em nos ajudar pois sempre julgou que o aeromodelismo era o embrião da vocação aeronáutica, sugeriu que eu procurasse um funcionário arquiteto da prefeitura levando material para identificar as modalidades e áreas necessárias. Agradeci a audiência concedida, nos despedimos com um até breve e muito feliz fui procurar o departamento indicado. No local encontrei dois grandes amigos aeromodelistas, Mario Monteiro e Gilberto Caldas. Aí só foi festa.
Como editor da Revista Sport Modelismo, recebia todos os meses em troca as SM revistas de todo o mundo. Escolhi algumas que traziam pistas com medidas oficiais e me entusiasmei com a ideia de um local com todos os tipos de modelismo. Sempre sonhei que se juntasse todas essas modalidades: Aero, Auto, Férreo, Nauti e Plastimodelismo, num só local seria uma quantidade bem expressiva de praticantes e de público interessado. Munido de material impresso levei a ideia ao Dr. Gilberto que abraçou com entusiasmo imediato em elaborar um anteprojeto.
Marcamos um dia para apresentar o projeto para o Sr. Prefeito. Como sempre muito pontual nos recebeu, analisou superficialmente e fez alguns comentários: "Porque três pintas de aero? Porque um tanque de água com 50 metros? E essa arquibancada?". Com essas observações logo percebemos que realmente estava interessado no projeto. Esclarecemos: necessitamos de 3 pistas para poder realizar possíveis campeonatos mundiais quando a FAI exige as mesmas. O tanque para Nauti com 50 metros permite competições com barcos com motores à explosão. Arquibancadas para o público e proteção contra o som emitido pelos motores, e embaixo locais fechados para práticas do Auto, Plasti e ferreomodelismo, uma pequena casa de lanches, sanitários e uma sala para a Federação. Ansiosos esperamos uma resposta.
O Prefeito esclareceu: temos que diminuir o projeto pois os custos para construção serão elevados. Temos também uma encrenca com nosso vizinho que quer a área. Rapidamente trocamos algumas ideias e para não perder o embalo do entusiasmo do Sr. Prefeito, sugerimos construir apenas duas pistas, um tanque com 25 metros e arquibancada de igual tamanho. Sugestão aceita na hora. Saímos com a promessa que o projeto já modificado seria enviado para licitação. Exultantes, com rasgados agradecimentos ao Sr. Prefeito, agora era só esperar as coisas acontecerem.
Mais relaxados, falamos de aeromodelismo, dificuldades em ter locais apropriados para a prática etc..
Demonstrando muito interesse em nos ajudar pois sempre julgou que o aeromodelismo era o embrião da vocação aeronáutica, sugeriu que eu procurasse um funcionário arquiteto da prefeitura levando material para identificar as modalidades e áreas necessárias. Agradeci a audiência concedida, nos despedimos com um até breve e muito feliz fui procurar o departamento indicado. No local encontrei dois grandes amigos aeromodelistas, Mario Monteiro e Gilberto Caldas. Aí só foi festa.
Como editor da Revista Sport Modelismo, recebia todos os meses em troca as SM revistas de todo o mundo. Escolhi algumas que traziam pistas com medidas oficiais e me entusiasmei com a ideia de um local com todos os tipos de modelismo. Sempre sonhei que se juntasse todas essas modalidades: Aero, Auto, Férreo, Nauti e Plastimodelismo, num só local seria uma quantidade bem expressiva de praticantes e de público interessado. Munido de material impresso levei a ideia ao Dr. Gilberto que abraçou com entusiasmo imediato em elaborar um anteprojeto.
Marcamos um dia para apresentar o projeto para o Sr. Prefeito. Como sempre muito pontual nos recebeu, analisou superficialmente e fez alguns comentários: "Porque três pintas de aero? Porque um tanque de água com 50 metros? E essa arquibancada?". Com essas observações logo percebemos que realmente estava interessado no projeto. Esclarecemos: necessitamos de 3 pistas para poder realizar possíveis campeonatos mundiais quando a FAI exige as mesmas. O tanque para Nauti com 50 metros permite competições com barcos com motores à explosão. Arquibancadas para o público e proteção contra o som emitido pelos motores, e embaixo locais fechados para práticas do Auto, Plasti e ferreomodelismo, uma pequena casa de lanches, sanitários e uma sala para a Federação. Ansiosos esperamos uma resposta.
O Prefeito esclareceu: temos que diminuir o projeto pois os custos para construção serão elevados. Temos também uma encrenca com nosso vizinho que quer a área. Rapidamente trocamos algumas ideias e para não perder o embalo do entusiasmo do Sr. Prefeito, sugerimos construir apenas duas pistas, um tanque com 25 metros e arquibancada de igual tamanho. Sugestão aceita na hora. Saímos com a promessa que o projeto já modificado seria enviado para licitação. Exultantes, com rasgados agradecimentos ao Sr. Prefeito, agora era só esperar as coisas acontecerem.
Planta Original do Modelodromo - 1967 |
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