VOCAÇÃO
Estranho, no dia 7 deste mês de agosto publiquei no blog um artigo sobre vocação.Achei que ficou interessante por se tratar da relação do aeromodelismo/aviação. Ontem liguei esta "maquina maldita" (vulgo PC) para rever o blog e verificar se não tinha cometido barbeiragens no ultimo assunto que comento o mês de Agosto. Tudo parecia que corria bem mas com surpresa vi que o artigo anterior sobre "vocação" SUMIU? Entrei em pânico. Fui rever todos os artigos enviados ao blog. Também não encontrei o " Reconhecimento do aeromodelismo parte 1"? como será que foram deletados? Entender o que escrevo é complicado, como entender um artigo parte 2, sem saber a primeira parte? Que loucura. Não adianta eu quebrar pau com o computador, sei que no final saio perdendo.
Realmente sou um perna de pau nisso aqui. Procurei até debaixo da mesa e nada; o jeito é pedir licença a meus amigos, vou abrir novamente a tela e fazer tudo de novo. Lerem duas vezes a mesma coisa parece praga. Se eventualmente alguém neste interim conseguiu ver o artigo, vou abusar e solicitar que me informem. Vai aí o velho jargão - "onde será que errei? " - aproveito para pedir que me ensinem a mexer nessa "maldita e fantástica maquina que é o PC".
Um poucos de história
Para possivelmente tentar resolver o problema da perda dos artigos tenho que voltar aos idos em que comecei a atuar como presidente da ABA. Haja paciência dos que tem que aturar tanto blablabá.
Por volta do ano de 1974, recém eleito para a presidência da ABA atual CoBra fui convocado pelo DAC pelo então Diretor Geral, Ten. Brig. Deoclécio Lima de Siqueira, a participar num Seminário sobre atividades aerodesportivas, no aeroporto Santos Dumont sua sede. Na realidade o Seminário foi dividido em duas partes: No período da manhã compareci e fui enviado para a sala onde já sentados estavam em uma mesa comprida com uma dúzia de militares capitaneados pelo Diretor, bem de frente. Duas cadeiras no lado de cá, para mim e para o saudoso Paulo Sampaio que me acompanhava.
Seriamos sabatinados? O assunto: "como pode o aeromodelismo ajudar na carência da vocação de jovens para a aviação? Um prato cheio para nós convenhamos. Esse seminário foi posteriormente publicado em um pequeno livro - editado pelo Ministério da Aeronáutica, que o guardo carinhosamente.
A primeira pergunta: "O senhor que representa o aeromodelismo pode nos informar porque não temos ouvido ou visto falar sobre o aeromodelismo? O que esta ocorrendo? Como podemos ajudar?"
Era tudo o que queria ouvir. Passado o susto e nervosismos anteriores, pude com calma esclarecer todas as adversidades por que passamos nesses anos de luta. "Se minha memoria permitir vou enumera-las":
1 - É voz corrente entre os que praticam o esporte, que por ser relacionado a Aviação, nunca militares da aeronáutica vieram nos procurar e dar apoio? Complicado. Sempre ouço os aeromodelistas reclamando que nunca foram procurados por uma autoridade da aeronáutica para nos ajudar. Como as autoridades poderiam saber ou se interessar por nós? Faltou o meio de campo, como dizem os futebolistas.
Omissão dos esportistas ou das autoridades? Não nos interessa procurar culpados.
Em seguida fomos informados da razão daquela reunião. Era um Seminário da Aviação Aerodesportiva, para encontrar respostas a alguns problemas de VOCAÇÃO.
Soubemos que na convocação anual para o serviço militar obrigatório entre os jovens, das três armas, Aviação, Exercito e Marinha, a da Aviação são sempre as que menos se apresentam espontaneamente..
A razão talvez seja o medo do avião onde os acidente são mais divulgados pela mídia. Sabemos que vamos morrer algum dia mas não gostariam de ser por acidente aéreo? Como curiosidade mencionei oque todos estão cansados de saber, que o avião é o segundo meio mais seguro de transporte, só perde para o simples elevador. Noticia boa não é noticia. Salve a mídia.
Tínhamos aproveitar essa janela que nos foi aberta para um dialogo altamente interessante.
Ao saber do porque da reunião, ou seja como revitalizar o aeromodelismo e por consequência despertar a vocação entre os jovens.
Ai então fizemos uma serie de reinvindicações que foram anotadas por alguns dos assessores militares que estavam presentes. Munido de revistas nacionais e estrangeiras, que levava comigo, fui mencionando e comprovando o que ocorria em outros países. Tinha dentro do tempo disponível, solicitar as principais necessidades e logicamente tentando não deixar nada de fora sem pelo menos PEDIR.
Ai então fizemos uma serie de reinvindicações que foram anotadas por alguns dos assessores militares que estavam presentes. Munido de revistas nacionais e estrangeiras, que levava comigo, fui mencionando e comprovando o que ocorria em outros países. Tinha dentro do tempo disponível, solicitar as principais necessidades e logicamente tentando não deixar nada de fora sem pelo menos PEDIR.
2 - A entidade ABA, não tem sede por ser rotativa em função da eleição da presidência e o local de sua residência. No momento utilizo meu escritório em SP, onde reúno meus diretores quando necessito, e vivemos de abnegados que colaboram como podem. Uma coisa é ser praticante outra é ter que ajudar seja em campo ou durante a semana e que um diretor possa para da de si o máximo. Reconheço, temos ótimos diretores, mas é pedir demais.
O DAC não precisa nos ajudar a ter uma sede, mas seria extremamente útil, nos ceder um ajudante para serviços de secretaria, e há tantos bons elementos na reserva da aeronáutica, maquina de escrever, uma copiadora (na época não existiam xerox) para edição de boletins, e o mais difícil - conseguir material para a pratica principalmente os de Radio Controlado e motores, por não termos fabricantes especializados no país.
Na pasta que trazia comigo, apresentei uma seria de solicitações, sempre achei que seria oportuno ter levado comigo caso fossem necessárias. E como foram. Deixei as anotações na mesa e continuaram a sabatina. No período da tarde a reunião prosseguiu com a presença de outras autoridades aerodesportivas tais como: paraquedismo, voo a vela (volovelismo), medicina esportiva, e diretores de aeroclubes nacionais.
As perguntas foram as mais variadas e constam no tal livro. Levamos o dia inteiro.
Mencionei todo esse assunto num artigo que escrevi no nosso blog como "RECONHECIMENTO DO AEROMODELISMO COMO ESPORTE" - valeu rever.
Foi-nos oferecido um almoço com a presença de todos inclusive com as outras autoridades que se apresentaram para a seção das tarde.
Vale como curiosidade, no almoço sentado ao meu lado, estava o Diretor da Aviação Aerodesportiva Coronel Moassab, que me cochichava não acreditar que o aeromodelismo fosse interessante como elemento útil na vocação para a aviação.
Pego de surpreso, tive uma ideia para responder ao amigo: "Vou pedir aos presentes a fim de alegrar este almoço, que por gentileza levantem a mão, todos os que em sua infância ou juventude tiveram contato com algum aeromodelo? Incrível todos levantaram a mão! inclusive meu colega que questionou a dúvida. Posteriormente confessou que lembrava de um modelo movido a motor a explosão (diesel) que o seu pai o havia presenteado quando criança. Lembrou-se das pancadas que levou da hélice no dedo de tanto tentar fazer funcionar o bichinho. Quem já teve um motor a Diesel sabe . Como dói. Eta PROVA MAIS CONTUNDENTE. Ganhamos o 1º round.
No artigo perdido anteriormente sobre VOCAÇÂO, também respondi de como fui tão influenciado pelo aeromodelismo na aviação.
Prometi até então não tratar de assuntos meus por ser um blog para os aeromodelistas e não sobre minha pessoa pelo qual antecipadamente agradeço e peço compreensão do porque escrevi a respeito. Apenas juntei mais uma prova.
No final do Seminário, o DAC apresentou um projeto que instituía a obrigatoriedade de todos os aeroclubes do Brasil, ter local apropriado para a pratica do aeromodelismo, com sede e pistas de VCC, e dentro do possível facilitar o RC. Voo livre nem se fala.
Decorridos alguns anos, verificamos que jamais foi possível aplicar o projeto, visto que nenhuma das partes, nem os aeroclubes nem os presidentes de clubes de aeromodelismo se interessaram. Porque? Os aeromodelistas se obrigavam a seguir regras normais tais como ter os livros mínimos como uma micro empresa, estabelecer sala para uso das sedes, sua manutenção e obedecer regulamentos de voo de aeronaves com segurança.
Por parte dos aeroclubes, a instalação de pistas perturbariam o silencio com o roncar dos pequenos motores principalmente nos fins de semana. e não tinham como construir pistas e nem permitir a intromissão normal entre aviões pequenos (RC) e os grandões durante os voos. Fim da novela.
Como encontrei Minha VOCAÇÃO PARA A AERONAUTICA
Volto aos idos de 1937. Quando voltávamos das aulas dos chamados "Grupo Escolar" corríamos para casa a fim de nos livrar das lições passadas pelos professores. Normalmente nos finais de dia íamos bater uma bola (as chamadas peladas) num terreno baldio no final da rua. Lembro que para fechar o terreno havia um pequeno morro por onde percorria o Trenzinho da Cantareira o famoso "Trem das Onze" que passava por Jaçanã. A rua era típica de bairro simples, toda de terra e mal iluminada. Enquanto tinha luz tudo bem, mas tínhamos que voltar, sujos e esfolados por toda parte pelos tombos na terra. As mães ficavam com mais um trabalho, o de lavar nossa roupa. A noite após o jantar os vizinhos se encontravam na frente de suas residências, sentados em cadeiras cativas (as suas) e comentavam as fofocas do dia.
Um belo dia apareceu uma caminhonete percorrendo essa rua com alto-falantes a todo volume a fim de anunciar que a noite viriam nos presentear com um cinema ao ar livre. Seria no nosso campinho. Não faço propaganda, mas informo que era uma missão de publicidade para os produtos da Bayer.
Muitos amigos jamais tinham ido ao um cinema. Uma correria, todos com seus acentos garantidos.
Foi instalado por cima da caminhonete um projetor de cine e uma grande tela foi fixada na frente do que era o nosso gol. Quanta risada com os filmes do Gordo e o Magro. E tome publicidade entre nos intervalos.
Como dizia o mestre Vinício de Moraes, "De repente, não mais que de repente" surgiu do nada no céu lindo de final da tarde uma figura impressionante que parecia um comprido e enorme balão, deslizando suavemente. Ouvia-se musica, vozes, motores roncando e muita iluminação. Soubemos posteriormente que chamava-se "Zepelim" de passagem por São Paulo, vindo do Rio. Seguia direto para Bueno Aires. Não havia em nossa cidade, local apropriado para aterrissar. Imaginem que estávamos a pouca distancia do atual Campo de Marte. Uma visão inesquecível. Mas acho que nascia ali minha vocação.
Quanto ao aeromodelismo, lá por 1944, visitava um primo no bairro chic da zona norte, Santana. Pela janela onde morava no andar de cima de um sobrado (na época o mais alto da rua) vislumbrei um garoto soltando um aviãozinho. Voava graciosamente. Corri escada abaixo e fui ver o lindinho - todo azul. Soube que se chamava "Extraviador". Até hoje existe nas lojas. Foi uma paixão a primeira vista. Dessa data em diante jamais parei de construir ou voar um aeromodelo.
Tenho muitas paixões mas duas são relevantes dentro do tema: Aeromodelismo/Aviação e cinema. Dois bons filmes que justificam neste artigo são AMACORD e Cine Paradise, ambos italianos.
AMACORD - uma tradução meia boca: "Eu me recordo". Historias num vilarejo beira mar no sul da Itália. Vida pacata e feliz. Uma das noites os moradores correm para barcos pequenos ou lanchas de pescadores e vão para alto mar. Ficam parados ao chegar num certo ponto e silenciam. Aí "De repente, não mais que de repente", surge dentro de um leve nevoeiro, um enorme transatlântico. Passa graciosamente bem perto dos barquinhos, todo iluminado e cheio de passageiros acenando, rindo e cantando para todos. Que encanto de cena, tão singela e tão simples, uma noite sem fim, tão feliz para os encantados moradores.
CINE PARADISO - Numa aldeia da Toscana, a única diversão diferente era oferecida pelo pároco da Igreja. Todas as noites passam filmes as vezes até impróprios, improvisados numa sala com projetor bem antigo operado pela figura principal e seu genial amiguinho. Comovente e lembrando muito do cineminha no final da rua em que eu morava.
Tenho muitas paixões mas duas são relevantes dentro do tema: Aeromodelismo/Aviação e cinema. Dois bons filmes que justificam neste artigo são AMACORD e Cine Paradise, ambos italianos.
AMACORD - uma tradução meia boca: "Eu me recordo". Historias num vilarejo beira mar no sul da Itália. Vida pacata e feliz. Uma das noites os moradores correm para barcos pequenos ou lanchas de pescadores e vão para alto mar. Ficam parados ao chegar num certo ponto e silenciam. Aí "De repente, não mais que de repente", surge dentro de um leve nevoeiro, um enorme transatlântico. Passa graciosamente bem perto dos barquinhos, todo iluminado e cheio de passageiros acenando, rindo e cantando para todos. Que encanto de cena, tão singela e tão simples, uma noite sem fim, tão feliz para os encantados moradores.
CINE PARADISO - Numa aldeia da Toscana, a única diversão diferente era oferecida pelo pároco da Igreja. Todas as noites passam filmes as vezes até impróprios, improvisados numa sala com projetor bem antigo operado pela figura principal e seu genial amiguinho. Comovente e lembrando muito do cineminha no final da rua em que eu morava.
ZEPELIM - Em seu retorno para os Estados Unidos, ao pousar mansamente numa torre especial, ocorreu um incêndio e acaba com aquela figura imensa. Fim da era dos grandes dirigíveis.
Noticia publicada em todo mundo com filmes que podem até hoje serem vistos. Para quem quiser ver entrem no Google, e só digitar DIRIGIVEIS.
Noticia publicada em todo mundo com filmes que podem até hoje serem vistos. Para quem quiser ver entrem no Google, e só digitar DIRIGIVEIS.
O zepelim passando pelo Rio de Janeiro
O desastre durante o pouso nos Estados Unidos
A Boeing e o da foto Walrlux, projetos futuristas e já em construção. Para mais de 1.000 passageiros
Dentro das probabilidades eu não os verei no céu, mas vocês certamente verão
Prometo que no próximo artigo vou deixar a nostalgia para trás.
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