segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

LUTO NA AVIAÇÃO BRASILEIRA

29 de janeiro de 2016

Noticia vinculada em toda imprensa falada e escrita

O Museu da Aviação - TAM em São Carlos encerra suas atividades



A notícia acima me aborrece profundamente, uma vez que eu apreciava demais  podermos  ter no Brasil um museu  da  Aviação  de  tal envergadura.

Sobre o assunto,  me permito contar alguns fatos e fazer alguns comentários.

Quando eu presidia a Associação Brasileira de Aeromodelismo (ABA), hoje COBRA, por coincidência encontrava-me frequentemente com o fundador do Museu - o comandante Rolim da TAM - na ante-sala do Diretor Geral do DAC, hoje ANAC, no Aeroporto Santos Dumont .  
Lá, sempre bem recebidos, tanto eu como Rolim procurávamos resolver os problemas que tínhamos com as entidades que representávamos .  
Numa dessas ocasiões ele  convidou-me para voltarmos a SP em seu avião. Rumo a Congonhas, conversa  vem, conversa vai ,  Rolim  falou sobre seu grande sonho em construir um museu de Aviação.                                   
Fiquei admirado com a percepção de quão forte era esse sonho, mas também tinha conhecimento de que são homens assim - com H  maiúsculo  -   e que sonham alto,  os que fazem as coisas acontecerem.

O museu sonhado por Rolim foi construído na cidade de São Carlos – SP.

Mais de 20.000 metros quadrados de uma bela construção.
Mais de 90 aeronaves de todos os tipos e épocas.                                                        
Realizado com o esforço de muitos. Chegaram ofertas de doadores, aeronaves emprestadas para exibição e/ou compradas pela TAM.

O único “senão”, a meu ver, foi a localização do Museu.  São Carlos é uma bela cidade e o merece. sem dúvida.  Mas  não é um grande centro populacional, está distante da cidade de São Paulo  (230 quilômetros) e para se obter rendas e visitantes, é necessário contar com  grande  público.

Como exemplo cito meu caso:  não cheguei a conhecer o Museu.

Somente  o vi por fotos que me foram oferecidas. Não  dirijo  mais   automóvel (86 anos) e, embora sempre com disposição para ir a São Carlos, por várias vezes tentando sair em viagem com Fabio, meu filho também amante da Aviação,  a visita não aconteceu.
Não é desculpa de mau pagador. Simplesmente não fui conhecê-lo.

Na América Latina não se conhece um museu da aviação igual. 




    Lockeed  Constellation - aviões  imaculados -  apreciem a  construção do Museu



Voltando à estarrecedora notícia acima vinculada,  faço a pergunta:

PORQUE ?

Segundo o presidente atual do Museu o problema é verba.  Com gasto mensal estimado em  R$300.000,00,  diz ser impossível  continuar.

O ideal talvez fosse  transferir o Museu para uma cidade como São Paulo. Mas também não sabe como resolver o todo que adviria com essa decisão.

No último artigo que escrevi neste blog informei que a Prefeitura de SP estava pensando em transferir o Museu, se possível, para o complexo  Anhembi.                                                                          
Contudo, entre os vários pontos anotados pelo presidente do  Museu como difíceis para a mudança, há a dúvida sobre o Anhembi.  A área pertence  a ...  Prefeitura?  Estado ? ou é Federal,  como presa da revolução  de 1930?                                                       
E os custos reais que terá com as 90  aeronaves para desmontá-las e seu transporte? Onde conseguir patrocínio para tudo que é necessário?

Bem, quanto à propriedade do terreno  lembro que quando se resolveu construir um local para desfiles de Carnaval, foi erguido o Sambódromo. Lindo. E dentro da área de que falamos: o  ANHEMBI.                              
Nada tenho  contra o Carnaval, apenas  menciono o  Sambódromo como exemplo de como é possível se conseguir o uso da área.

E quanto ao patrocínio? Quem sabe “trabalhar” junto a empresas e porque não se falar numa  participação do povo como aconteceu, p. ex. nos projetos do “Criança Esperança” da Globo?

De fato é, sem dúvida, uma situação difícil. Mas acredito que um encontro de autoridades civis e militares com os aeronautas sonhadores seria um bom começo para se falar de um projeto tão ambicioso.                        
Como disse acima, acho que homens com “H” maiúsculo não são muitos, porém, tenho certeza que ainda podem ser encontrados por esse mundo afora.
Conheci alguns no passado que podem servir de exemplo e que valem  ser lembrados, como:

Prefeito Prestes Maia:  teve coragem de mudar o traçado do rio Tietê que transbordava constantemente isolando metade de São Paulo.                        
Construiu o Estádio do Pacaembu numa pirambeira danada que ninguém sabia como aproveitar.  Cortou a cidade com várias avenidas e alamedas. E... nunca  foi acusado de desvio de verbas, mudando o conceito de “ele rouba, mas faz.”

Prefeito Faria Lima:  com ele tive a oportunidade de debater, e muito, a possibilidade de se construir um local  para a prática do modelismo em São Paulo. E lá está ele - o Centro de Modelismo do Ibirapuera – funcionando até hoje.
Faria Lima era obstinado e sem papas na língua.  Abriu a bela  Av. 23 de Maio tomando uma decisão de construção que perdurava a quase meio século, tantos eram os problemas com as desapropriações das propriedades locais.                                             Sem medo,  iniciou as obras do Metrô de SP, um dos melhores do mundo, começando pela linha Zona Norte/Centro da cidade.

Assim como ao Faria Lima, conheci outros militares da Aeronáutica com os quais tive a oportunidade de conviver e que também tomaram decisões difíceis.
De época mais recente, lembro-me do Ten. Brigadeiro  do  Ar,  Sócrates Monteiro, o qual já tive ocasião de mencionar em outro artigo deste blog, e do qual acompanhei a trajetória dentro da Aeronáutica até chegar a Ministro da Aeronáutica no Governo Collor.  
Sócrates Monteiro tratou do reconhecimento do aeromodelismo como esporte e defendeu o Centro de Modelismo junto à Prefeita Erundina que pretendia fechá-lo.       E, fez funcionar o projeto Sindacta  de Defesa Aérea em nosso país.

A lembrança de tantas obras realizadas  com  o  esforço conjunto de homens públicos, autoridades  e “sonhadores”  nos faz reforçar a ideia de que uma reunião de cabeças pensantes seria ótima no caso da reabertura do nosso Museu da Aviação.                       Basta ter os  homens com “H”,  brigadeiros com “B”,  governantes interessados em preservar a história da aviação brasileira.

Mas, abro revistas, assisto telejornais, ouço falar em “Lava-jatos” e “Zelotes” onde são denunciados políticos e empresários. Os valores desviados são Bilhões e não Milhões.

Penso: Quanto valeria o projeto total da mudança do Museu para SP? De que número estamos falando?

Se já estou profundamente aborrecido com a notícia  do encerramento do Museu, lembrando dessa situação escabrosa do nosso país faço uma força danada para não perder a compostura  e soltar  alguns palavrões.

Afinal, vocês que acompanham a leitura deste modesto blog não merecem o desrespeito.








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