29 de janeiro de 2016
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O Museu da Aviação - TAM em São Carlos encerra suas atividades
A notícia
acima me aborrece profundamente, uma vez que eu apreciava demais podermos ter no Brasil um museu da Aviação
de
tal envergadura.
Sobre
o assunto, me permito contar alguns
fatos e fazer alguns comentários.
Quando
eu presidia a Associação Brasileira de Aeromodelismo (ABA), hoje COBRA, por
coincidência encontrava-me frequentemente com o fundador do Museu - o
comandante Rolim da TAM - na ante-sala do Diretor Geral do DAC, hoje ANAC, no
Aeroporto Santos Dumont .
Lá,
sempre bem recebidos, tanto eu como Rolim procurávamos resolver os problemas que
tínhamos com as entidades que representávamos .
Numa dessas ocasiões ele convidou-me para voltarmos a SP em seu avião.
Rumo a Congonhas, conversa vem, conversa
vai , Rolim falou sobre seu grande sonho em construir um
museu de Aviação.
Fiquei admirado com a
percepção de quão forte era esse sonho, mas também tinha conhecimento de que
são homens assim - com H maiúsculo - e
que sonham alto, os que fazem as coisas
acontecerem.
O
museu sonhado por Rolim foi construído na cidade de São Carlos – SP.
Mais
de 20.000 metros quadrados de uma bela construção.
Mais de 90 aeronaves de
todos os tipos e épocas.
Realizado com o esforço de muitos. Chegaram ofertas de doadores,
aeronaves emprestadas para exibição e/ou compradas pela TAM.
O
único “senão”, a meu ver, foi a localização do Museu. São Carlos é uma bela cidade e o merece. sem
dúvida. Mas não é um grande centro populacional, está distante da cidade de São Paulo (230 quilômetros) e para se obter rendas e
visitantes, é necessário contar com grande público.
Como
exemplo cito meu caso: não cheguei a conhecer
o Museu.
Somente
o vi por fotos que me foram oferecidas. Não dirijo mais automóvel (86 anos) e, embora sempre com disposição para
ir a São Carlos, por várias vezes tentando sair em viagem com Fabio, meu filho
também amante da Aviação, a visita não
aconteceu.
Não
é desculpa de mau pagador. Simplesmente não fui conhecê-lo.
Na
América Latina não se conhece um museu da aviação igual.
PORQUE
?
Segundo
o presidente atual do Museu o problema é verba. Com gasto mensal estimado em R$300.000,00,
diz ser impossível continuar.
O
ideal talvez fosse transferir o Museu
para uma cidade como São Paulo. Mas também não sabe como resolver o todo que
adviria com essa decisão.
No
último artigo que escrevi neste blog informei que a Prefeitura de SP estava
pensando em transferir o Museu, se possível, para o complexo Anhembi.
Contudo, entre os vários pontos anotados pelo presidente do Museu como difíceis para a mudança, há a
dúvida sobre o Anhembi. A área
pertence a ... Prefeitura?
Estado ? ou é Federal, como presa
da revolução de 1930?
E os custos reais que terá com as 90
aeronaves para desmontá-las e seu transporte? Onde conseguir patrocínio
para tudo que é necessário?
Bem,
quanto à propriedade do terreno lembro
que quando se resolveu construir um local para desfiles de Carnaval, foi
erguido o Sambódromo. Lindo. E dentro da área de que falamos: o ANHEMBI.
Nada tenho contra o Carnaval, apenas menciono o
Sambódromo como exemplo de como é possível se conseguir o uso da área.
E
quanto ao patrocínio? Quem sabe “trabalhar” junto a empresas e porque não se
falar numa participação do povo como
aconteceu, p. ex. nos projetos do “Criança Esperança” da Globo?
De
fato é, sem dúvida, uma situação difícil. Mas acredito que um encontro de
autoridades civis e militares com os aeronautas sonhadores seria um bom começo
para se falar de um projeto tão ambicioso.
Como disse acima, acho
que homens com “H” maiúsculo não são muitos, porém, tenho certeza que ainda
podem ser encontrados por esse mundo afora.
Conheci alguns no passado que podem servir de exemplo e que valem ser lembrados, como:
Prefeito Prestes Maia: teve coragem de
mudar o traçado do rio Tietê que transbordava constantemente isolando metade de São Paulo.
Construiu
o Estádio do Pacaembu numa pirambeira danada que ninguém sabia como aproveitar. Cortou a cidade com várias
avenidas e alamedas. E... nunca foi
acusado de desvio de verbas, mudando o conceito de “ele rouba, mas faz.”
Prefeito Faria Lima: com
ele tive a oportunidade de debater, e muito, a possibilidade de se construir um
local para a prática do modelismo em São
Paulo. E lá está ele - o Centro de Modelismo do Ibirapuera – funcionando até hoje.
Faria Lima era obstinado e sem papas na língua. Abriu a bela Av. 23 de Maio tomando uma
decisão de construção que perdurava a quase meio século, tantos eram os
problemas com as desapropriações das propriedades locais. Sem medo, iniciou as obras do
Metrô de SP, um dos melhores do mundo, começando pela linha Zona Norte/Centro
da cidade.
Assim
como ao Faria Lima, conheci outros militares da Aeronáutica com os quais tive a
oportunidade de conviver e que também tomaram decisões difíceis.
De
época mais recente, lembro-me do Ten.
Brigadeiro do Ar, Sócrates Monteiro, o qual já tive ocasião de mencionar em outro artigo deste
blog, e do qual acompanhei a trajetória dentro da Aeronáutica até chegar a
Ministro da Aeronáutica no Governo Collor.
Sócrates Monteiro tratou do reconhecimento do aeromodelismo como esporte
e defendeu o Centro de Modelismo junto à Prefeita Erundina que pretendia
fechá-lo. E,
fez funcionar o projeto Sindacta de
Defesa Aérea em nosso país.
A
lembrança de tantas obras realizadas
com o esforço conjunto de homens públicos,
autoridades e “sonhadores” nos faz reforçar a ideia de que uma reunião
de cabeças pensantes seria ótima no caso da reabertura do nosso Museu da Aviação. Basta ter os homens com “H”, brigadeiros com “B”, governantes interessados em preservar a
história da aviação brasileira.
Mas,
abro revistas, assisto telejornais, ouço falar em “Lava-jatos” e “Zelotes” onde
são denunciados políticos e empresários. Os valores desviados são Bilhões e não
Milhões.
Penso:
Quanto valeria o projeto total da mudança do Museu para SP? De que número
estamos falando?
Se
já estou profundamente aborrecido com a notícia
do encerramento do Museu, lembrando dessa situação escabrosa do nosso
país faço uma força danada para não perder a compostura e soltar
alguns palavrões.
Afinal, vocês que acompanham a leitura deste
modesto blog não merecem o desrespeito.
A notícia acima me aborrece profundamente, uma vez que eu apreciava demais podermos ter no Brasil um museu da Aviação de tal envergadura.
Lá, sempre bem recebidos, tanto eu como Rolim procurávamos resolver os problemas que tínhamos com as entidades que representávamos .
Numa dessas ocasiões ele convidou-me para voltarmos a SP em seu avião. Rumo a Congonhas, conversa vem, conversa vai , Rolim falou sobre seu grande sonho em construir um museu de Aviação.
Fiquei admirado com a percepção de quão forte era esse sonho, mas também tinha conhecimento de que são homens assim - com H maiúsculo - e que sonham alto, os que fazem as coisas acontecerem.
Mais de 90 aeronaves de todos os tipos e épocas.
Realizado com o esforço de muitos. Chegaram ofertas de doadores, aeronaves emprestadas para exibição e/ou compradas pela TAM.
Não é desculpa de mau pagador. Simplesmente não fui conhecê-lo.
Contudo, entre os vários pontos anotados pelo presidente do Museu como difíceis para a mudança, há a dúvida sobre o Anhembi. A área pertence a ... Prefeitura? Estado ? ou é Federal, como presa da revolução de 1930?
E os custos reais que terá com as 90 aeronaves para desmontá-las e seu transporte? Onde conseguir patrocínio para tudo que é necessário?
Nada tenho contra o Carnaval, apenas menciono o Sambódromo como exemplo de como é possível se conseguir o uso da área.
Como disse acima, acho que homens com “H” maiúsculo não são muitos, porém, tenho certeza que ainda podem ser encontrados por esse mundo afora.
Conheci alguns no passado que podem servir de exemplo e que valem ser lembrados, como:
Construiu o Estádio do Pacaembu numa pirambeira danada que ninguém sabia como aproveitar. Cortou a cidade com várias avenidas e alamedas. E... nunca foi acusado de desvio de verbas, mudando o conceito de “ele rouba, mas faz.”
Faria Lima era obstinado e sem papas na língua. Abriu a bela Av. 23 de Maio tomando uma decisão de construção que perdurava a quase meio século, tantos eram os problemas com as desapropriações das propriedades locais. Sem medo, iniciou as obras do Metrô de SP, um dos melhores do mundo, começando pela linha Zona Norte/Centro da cidade.
Assim como ao Faria Lima, conheci outros militares da Aeronáutica com os quais tive a oportunidade de conviver e que também tomaram decisões difíceis.
Sócrates Monteiro tratou do reconhecimento do aeromodelismo como esporte e defendeu o Centro de Modelismo junto à Prefeita Erundina que pretendia fechá-lo. E, fez funcionar o projeto Sindacta de Defesa Aérea em nosso país.
A lembrança de tantas obras realizadas com o esforço conjunto de homens públicos, autoridades e “sonhadores” nos faz reforçar a ideia de que uma reunião de cabeças pensantes seria ótima no caso da reabertura do nosso Museu da Aviação. Basta ter os homens com “H”, brigadeiros com “B”, governantes interessados em preservar a história da aviação brasileira.
Penso: Quanto valeria o projeto total da mudança do Museu para SP? De que número estamos falando?
Se já estou profundamente aborrecido com a notícia do encerramento do Museu, lembrando dessa situação escabrosa do nosso país faço uma força danada para não perder a compostura e soltar alguns palavrões.
Afinal, vocês que acompanham a leitura deste modesto blog não merecem o desrespeito.
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