Foi assim que em 1907 o primeiro Demoiselle foi criado por Dumont, com hélices de seda. Era o primeiro monoplano da época: barato, leve, simples, pronto pra cair no gosto popular. Dois anos depois, em 1909, o Demoiselle ganhou de Dumont uma incrível adição: um motor 18 cavalos, que faria sua "libélula gigante" chegar mais rápido, e alto, aos seus destinos. E ele conseguiu; no dia 8 de Abril, Dumont voou 2,500 metros, a 20 de altura. E ele queria mais, então instalou em seu Demoseille IV um motor de 30 cavalos e simplificou ainda mais sua estrutura, para dar origem ao Demoiselle V. Esse sim, considerado por muitos a melhor aeronave criada por Santos-Dumont, quebrou com ele o recorde de velocidade para a época, chegando a 96 km/hr.
Em 1910, apos conquistar com seu Demoiselle V centenas de fãs ao redor do mundo, Santos-Dumont decidiu que o modelo precisava de melhorias, e então criou as versões VI e VII. A última capotou ao tentar decolar, deixando o piloto triste e propenso a se aposentar, pouco tempo depois.
Walter Nutini, o autor desse blog, era fã de Santos-Dumont, do Demoiselle, e das boas histórias da vida. Foi artista não só em sua maneira de replicar aeronaves, mas também em dar vida aos heróis que nelas voaram, e mais recentemente em dar voz a tantos outros aeromodelistas que, como ele, eram apaixonados "pelo cheiro de óleo e fumaça que emana desses pequenos aviões"...
Assim como um Demoiselle, Walter Nutini era uma criatura simples, sempre disposto a alçar vôo. Adorava olhar para o céu, analisar o vento, contemplar a "belezura" (como ele dizia) ao redor. Tal como um Demoiselle, apos uma série de extraodinárias histórias, Walter fez seu último vôo em Dezembro de 2020. A todos que acompanharam o Aero Nutini, o mais sincero agradecimento em nome do autor.
Walter deixa sua esposa, Daisy, seus dois filhos, Marco Antonio e Fabio, as noras Anete e Ana Maria, seus três netos, Rafaella, Fabiana, e Dante, e uma linda bisneta, Manuela.
E ele virá visitá-los, regularmente, em forma de libélula.