terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Libélula

 



      Santos-Dumont, um sábio, notou lá no início do século 20 que leveza era sinônimo de eficiência. Aquelas asas quase transparentes, de ampla envergadura, eram responsáveis por manter uma libélula no ar, se movendo rapidamente em direção ao calor e à luz.
Foi assim que em 1907 o primeiro Demoiselle foi criado por Dumont, com hélices de seda. Era o primeiro monoplano da época: barato, leve, simples, pronto pra cair no gosto popular. Dois anos depois, em 1909, o Demoiselle ganhou de Dumont uma incrível adição: um motor 18 cavalos, que faria sua "libélula gigante" chegar mais rápido, e alto, aos seus destinos. E ele conseguiu; no dia 8 de Abril, Dumont voou 2,500 metros, a 20 de altura. E ele queria mais, então instalou em seu Demoseille IV um motor de 30 cavalos e simplificou ainda mais sua estrutura, para dar origem ao Demoiselle V. Esse sim, considerado por muitos a melhor aeronave criada por Santos-Dumont, quebrou com ele o recorde de velocidade para a época, chegando a 96 km/hr.
 Em 1910, apos conquistar com seu Demoiselle V centenas de fãs ao redor do mundo, Santos-Dumont decidiu que o modelo precisava de melhorias, e então criou as versões VI e VII. A última capotou ao tentar decolar, deixando o piloto triste e propenso a se aposentar, pouco tempo depois. 




Walter Nutini, o autor desse blog, era fã de Santos-Dumont, do Demoiselle, e das boas histórias da vida. Foi artista não só em sua maneira de replicar aeronaves, mas também em dar vida aos heróis que nelas voaram, e mais recentemente em dar voz a tantos outros aeromodelistas que, como ele, eram apaixonados "pelo cheiro de óleo e fumaça que emana desses pequenos aviões"...

Assim como um Demoiselle, Walter Nutini era uma criatura simples, sempre disposto a alçar vôo. Adorava olhar para o céu, analisar o vento, contemplar a "belezura" (como ele dizia) ao redor. Tal como um Demoiselle, apos uma série de extraodinárias histórias, Walter fez seu último vôo em Dezembro de 2020. A todos que acompanharam o Aero Nutini, o mais sincero agradecimento em nome do autor. 

Walter deixa sua esposa, Daisy, seus dois filhos, Marco Antonio e Fabio, as noras Anete e Ana Maria, seus três netos, Rafaella, Fabiana, e Dante, e uma linda bisneta, Manuela. 

E ele virá visitá-los, regularmente, em forma de libélula.